Segunda, 21 de junho de 2004, 12h26
China suspende proibição a soja brasileira
O governo chinês suspendeu a proibição a 23 empresas exportadoras de soja brasileira de embarcar o produto ao país, depois de aceitar as novas regras para controle de qualidade da oleaginosa adotadas pelo Brasil. A informação foi divulgada pelo governo gaúcho nesta segunda-feira.
A suspensão da proibição ocorreu após uma reunião em Pequim realizada entre uma missão brasileira, que incluiu o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e técnicos do governo chinês. A reunião em Pequim durou cerca de quatro horas e meia e terminou por volta das 19h locais (8h no horário de Brasília).
A China havia suspendido 23 exportadores de soja brasileira de venderem o produto ao país, alegando ter encontrado traços de um fungicida nocivo à saúde em alguns carregamentos de soja brasileira que chegaram ao país.
A medida havia praticamente paralisado o comércio de soja entre o Brasil, segundo maior produtor mundial, e a China, maior importador.
O fim do embargo à soja nacional determina com a volta da tranquilidade. A partir deste momento, as 23 empresas brasileiras que haviam tido cargas recusadas estão liberadas para voltar a exportar à China, afirmou o governador Germano Rigotto em nota publicada no site do governo gaúcho na Internet.
O Ministério da Agricultura convocou uma entrevista coletiva para esta segunda, em Brasília, onde fornecerá mais informações sobre a questão.
A China já havia barrado 5 navios brasileiros com soja, alegando ter encontrado sementes tratadas com fungicidas nos carregamentos. Os primeiros navios barrados haviam partido do porto de Rio Grande (RS), carregando soja gaúcha.
A polêmica fez o governo brasileiro adotar regras mais rígidas sobre a presença de sementes tratadas em carregamentos de soja em grão.
Na última sexta-feira, o governo chinês havia demonstrado disposição para resolver o impasse. Em uma carta enviada a Lula, o presidente da China, Hu Jintao, disse esperar que as autoridades brasileiras em visita ao país chegassem a um acordo sobre os níveis de contaminação da soja por agrotóxicos.
A questão comercial da soja pode ser resolvida apropriadamente, via negociações amigáveis entre autoridades relevantes dos dois países, disse Hu na carta, informou a jornalistas o porta-voz da Presidência, André Singer.
O Brasil, segundo maior produtor de soja do mundo depois dos Estados Unidos, anunciou na semana passada que esperava uma solução para o impasse após a adoção de controles mais rigorosos sobre a contaminação. Segundo os produtores brasileiros, a disputa já lhes custou US$ 1 bilhão desde que a China descobriu um carregamento com sementes contaminadas por fungicida em abril.
Produtores de soja brasileiros chegaram a ameaçar ir à OMC (Organização Mundial do Comércio) para protestar contra a decisão do governo chinês.