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Justiça e Direito
Quarta, 08 de março de 2017, 12h14

Judiciário caminha lado a lado com mulheres


O símbolo do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso traz em sua composição uma mulher: a deusa da Justiça na mitologia grega, Têmis. Atualmente, o Judiciário estadual tem a face de 3.362 mulheres, entre servidoras e magistradas. Nas mãos de Têmis está a representação da Lei das Doze Tábuas e da balança com dois pratos iguais. Nas mãos destas mulheres, caminham 1.453.670 processos que anseiam decisões da Justiça Estadual mato-grossense. Por fim, abaixo da figura feminina de Têmis, a frase em latim suum cuique tribuere significa “dar a cada um o que lhe pertence”. É exatamente por isso que as mulheres do Poder Judiciário de Mato Grosso lutam diariamente, não apenas neste Dia Internacional da Mulher (8 de março): ocupar o lugar que lhes pertence.

“As mulheres aprenderam a se colocar na sociedade. Cada vez mais vemos mulheres extremamente competentes, eficientes, verdadeiras líderes que se colocam muito bem no seu papel. Vemos isso na magistratura. Temos magistradas brilhantes que fazem do exercício da magistratura um sacerdócio, com um cuidado específico em relação à questão de gênero”, avalia a desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso Maria Erotides Kneip, que compõe o quadro da magistratura estadual há 32 anos e vivenciou de perto o processo de conquista pelo espaço feminino.

Para a desembargadora, mulheres e homens não são desiguais, são apenas diferentes. Foi nesse cenário de diferenças que ela ingressou no Poder Judiciário em 23 de janeiro de 1985 e precisou quebrar algumas barreiras, ao lado de colegas magistradas que lutaram muito pelo respeito às mulheres. “Ser tratada de uma maneira diferente não é fácil. Nós tínhamos que nos colocar. Fomos enfrentando isso com bastante respeito, mostrando como as coisas tinham que ser feitas. Hoje há muitos segmentos que podem ajudar mais a mulher a efetivar os seus direitos e fazer com que ela tenha um tratamento igualitário”, acrescenta a magistrada.

Quando a desembargadora Maria Erotides se tornou juíza, havia apenas a juíza Maria Terezinha Ferreira e a desembargadora Shelma Lombardi de Kato na magistratura mato-grossense. Hoje elas já são 98 magistradas: 88 juízas e 10 desembargadoras – 1/3 da Corte. Entre as servidoras, as mulheres ocupam atualmente 72,2% dos cargos efetivos e comissionados do Poder Judiciário.

Uma dessas mulheres que busca ocupar seu espaço é a estagiária Ana Paula Wonsoski, 37 anos, que trabalha na secretaria do 1º Juizado Especial de Cuiabá. Ana Paula está no 9º semestre de Direito e no terceiro mês de gestação do segundo filho. Ela conta que já trabalhou como servente de pedreira e encarregada de obras e sofreu muito preconceito por ser mulher. “Passei por discriminação, ganhava um salário menor e trabalhava mais tempo. Quando uma mulher se destaca na obra, é mal vista. Tem ataque de todos, engenheiro, auxiliar de engenharia, operários, porque são todos homens”.

Ana Paula decidiu escolher a carreira de Direito porque sempre lutou por Justiça, pois percebeu que as pessoas que viviam ao seu redor em um assentamento na região de Barra do Bugres eram invisíveis para a sociedade. “Se a pessoa não tem uma condição financeira é como se não existisse. Eu decidi buscar algo diferente e estou atrás. Quero advogar na área agrária e previdenciária no interior de Mato Grosso, fazer pós-graduação e sempre continuar estudando”, revela seus planos para o futuro.

A analista judiciária Sheila Modesto, 41 anos, está no Poder Judiciário desde 1999. Atualmente é diretora da Secretaria de Câmaras Cíveis Reunidas de Direito Público e Coletivo no Tribunal de Justiça, mas já trabalhou em várias comarcas, no Fórum da Capital e no Tribunal Regional do Trabalho exercendo diversas funções administrativas.

Ao longo destes 18 anos, Sheila notou que a presença das mulheres no Judiciário cresceu muito, sobretudo nas áreas de liderança. “As mulheres são muito dedicadas, aplicadas, comprometidas, mesmo com a função de ser mãe, esposa, amiga, conseguem trabalhar muito bem. Como ela é com a família, ela é com o trabalho”, constata a diretora.

Para Sheila, a maior contribuição que as mulheres dão ao Judiciário é olhar para além dos processos, enxergar as partes que aguardam a Justiça, a família por trás do conflito, o advogado que luta pela causa, se preocupa com o tempo. “De alguma forma, quando uma mulher pega um processo ou atende uma pessoa ela se preocupa com o que está por trás dos papéis. Esta é a sensibilidade da mulher. Não é só o número, as mulheres estão mais preocupadas com a qualidade e a entrega da prestação real”.
 




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