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Justiça e Direito
Quarta, 14 de junho de 2017, 15h39

Adoção tardia: do sonho à família adotiva


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“Me leva; Me adota também”. Essas frases ficaram latentes na cabeça do professor da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, Thiago Carneiro de Almeida, 35, em dezembro de 2016 quando conseguiu a guarda provisória de Sidiwald Crystofher Rodrigues Santos, um menino de quase 12 anos do Lar da Criança, instituição de acolhimento localizada na rua Manoel Ferreira de Mendonça, 369, bairro Bandeirantes, na capital de Mato Grosso.

Thiago um rapaz jovem, solteiro e de estilo moderno, era naquele momento o pai de Sidiwald, que por 9 anos e seis meses morou no Lar. Mas as frases foram pronunciadas pelo menino de sorriso fácil, agitado e apaixonado por futebol que havia conhecido em Cuiabá. José Roberto Nunes, 10, o melhor amigo de Sidiwald morava no Lar da Criança desde os sete anos, junto com mais 17 abrigados na instituição mantida pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas-MT).

Zé Roberto como é carinhosamente chamado no Lar, sonhava com uma família. Ele nem sabia que Thiago já estava agindo legalmente para adotá-lo. Em 24 de fevereiro de 2017 encaminhou uma carta para direção da instituição intitulada “Porque quero ser novamente pai”, duas longas páginas, sem espaços e fonte 11. O relato emocionante explica a escolha de ser pai, um pouco da gestação invisível do Sidiwald, o processo de transição do abrigo para família, o desejo de dar um irmão para Sidi e o filho sonhado: José.

A família ainda não estava completa. “Há um grito em minha alma por esse ‘moleque’ lindo, que me cativou e roubou minha atenção. O tempo de abrigo para o José terminou”, escreveu Thiago na carta. Aqui em Cuiabá, o menino que esperava ser adotado, teve uma surpresa quando recebeu a notícia que iria passar o feriado da Semana Santa, de 9 a 15 de abril deste ano, com Thiago, os possíveis avós e o velho amigo Sidiwald no Rio de Janeiro. Então, ele viajou pela primeira vez de avião, foi conhecer o mar, rever o amigo que viraria irmão... quanta emoção.

O retorno foi para Zé Roberto extremamente triste, especialmente na primeira semana. “Chorou, queria voltar para casa do seu pai”, contou uma das cuidadoras. De forma ainda imatura, ele já tinha compreendido o significado do processo adotivo. Tinha estabelecido prioridades e queria muito buscar constituir novas relações no Estado carioca. Porém era necessário esperar, uma vez que, os trâmites judiciais ainda não estavam plenamente autorizados pela juíza da 1ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, Gleide Bispo Santos.

A característica alegre de José Roberto e a proximidade de ambos fomentou em Thiago o desejo por mais uma adoção. “Não foi um processo fácil, pois a juíza acreditava que havia pouco tempo com o Sidiwald, no entanto, tudo deu certo, e estou muito feliz”, contou o professor no Aeroporto Internacional de Cuiabá – Marechal Rondon, no sábado (10 de junho) minutos antes de embarcar para o Rio de Janeiro com dois filhos.

De mochila nas costas e uma pasta transparente embaixo do braço levava preciosos documentos: a guarda definitiva de Sidiwald, e desta vez, a guarda provisória de José Roberto. Os menores ao se despedirem dos colegas do Lar da Criança, que fizeram cartazes com frases de apoio e otimismo, não continham sorrisos e muitos abraços apertados, pois sabiam que deixavam para trás muitas estórias vividas na casa de acolhimento, enquanto aguardavam o encaminhamento para adoção. Memórias que jamais serão esquecidas pelos meninos que agora “[...]sabem que em algum lugar alguém zela por ti”. (Trecho da música Trem Bala, Ana Vilela). 




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