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Justiça e Direito
Quarta, 13 de setembro de 2017, 12h04

Mês de prevenção ao suicídio é lembrado com alerta


Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. São dados que reforçam a necessidade de cada vez mais falar sobre o assunto. Para tanto, desde 2014 o assunto entra em debate com o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado em 10 de setembro.

A Campanha Setembro Amarelo tem por objetivo alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e também no mundo. A depressão é vista como um dos motivos que muitas vezes levam uma pessoa a ter pensamento suicida, por isso, a necessidade de promover campanhas de prevenção.

O tema é falado abertamente pela jornalista Neila Gonçalves, que sofre de depressão há 16 anos e desde que descobriu a doença passa por tratamento. “Sofro de depressão desde a infância. Fui uma criança que se sentia muito solitária, tinha uma sensação de que qualquer problema dentro da minha família era minha culpa. Tenho uma família muito unida, mas na minha cabeça tinha um sentimento de culpa, de responsabilidade pelos problemas que aconteciam”, revelou a jornalista.

Apesar dos problemas na infância, Neila afirma que viveu períodos de alegria durante a juventude, principalmente na época da faculdade. “Foi uma época muito bacana na minha vida. Fiz muitos amigos que cultivo até hoje, só que quando acabou a faculdade e senti a necessidade de complementar meu estudos, fui morar fora e foi nessa época que a depressão me pegou para valer”, desabafa.

Para enfrentar o problema, Neila procurou ajuda médica e desde 2001 faz tratamento com remédios e terapia. “Também contei com o apoio da família, dos amigos e me apeguei muito a Deus, porque acho que independente da religião, a pessoa precisa ter Deus na sua vida, se apegar a algo superior para enfrentar a doença”.

É com esse pensamento que a jornalista está superando a depressão e hoje afirma que se sente bem melhor. “O processo foi caminhando devagar e com isso eu consegui me sentir mais forte. Hoje sinto que estou num processo de cura”, acrescentou.

Neila ressalta que quem sofre com a depressão não pode ter vergonha de falar sobre o problema. “É uma doença e precisamos encarar. Temos que nos tratar e sermos bem sucedidos nesse tratamento. Procurar uma igreja, grupos de pessoas que se reúnem para enfrentar a doença. São lugares que ajudam a gente a ter esse suporte. Eu digo: não desista de você, porque a vida é uma só. Tem sempre um jeito de ficarmos bem, mesmo que demore, mas tem”, recomendou.

Além de terapias e medicamentos, fazer parte de grupos de ajuda também é uma alternativa para enfrentar o problema. Em Cuiabá, o Lar Eurípedes Barsanulfo, que funciona na Associação Espírita Wantuil de Freitas, abriga dez pessoas que se encontram em tratamento de doenças consideradas ‘doenças da alma’, como depressão, síndrome do pânico, separação de casais e pessoas que fizeram aborto.

“No lar temos dois tipos de tratamentos: o médico e o espiritual, porque se tomar só o remédio para o corpo físico não vai fazer efeito. A pessoa fica dopada e o problema continua ali. Ninguém conversou sobre esse problema. Aqui, nós também temos psiquiatra, clínico geral, fisioterapeuta, momentos de meditação e educação física, além de uma alimentação mais leve, sem carne”, explicou a coordenadora voluntária do lar, Fransoize Jesus de Magalhães.

A coordenadora viveu uma experiência pessoal com a depressão, quando há quase 30 anos perdeu o noivo faltando apenas três meses para o casamento. Ela entrou em depressão e precisou de apoio, o que para ela hoje ajuda muito a auxiliar outras pessoas que estão na mesma situação. “Se a gente não tiver um amparo da família, não tiver Deus, acabamos fazendo uma coisa errada para nós mesmos”, alertou.

Superação - João* é um dos internos do Lar Eurípedes. Ele está em tratamento há mais de dois meses e, por causa da depressão, por várias vezes tentou tirar a própria vida. Ele contou que não enxergava o apoio que recebia da família e – desempregado – se sentia sozinho, sem esperança. “Foi aí que comecei a me mutilar, porque eu não tinha coragem de tirar a minha vida de uma vez. Me cortava, me mutilava e isso tirava meus pensamentos negativos”.

Apesar de já se sentir melhor, João afirma que não quer deixar de frequentar o Lar Eurípedes. “Resolvi abraçar a causa como voluntário, ajudar, acolher, porque quando chega um paciente aqui e a gente já está se sentindo melhor temos condições de perceber que não somos os únicos com problemas. Às vezes tem gente em situação até pior, precisando de ajuda”, relatou.

A psicóloga da Divisão Psicossocial do Fórum de Cuiabá, Mael Kanaan de Oliveira, explica que uma pessoa pode entrar em depressão mesmo sem motivo aparente. “Existem relatos de depressão já nos primórdios da existência da humanidade e existem caminhos da psicologia e da psiquiatria que entendem que tem fatores hereditários, fatores genéticos que podem estar associados à depressão desde o início do desenvolvimento da pessoa”.

Ainda de acordo com a especialista, a ansiedade, tristeza e angústia também podem ser sinais de depressão. “Por isso é preciso fechar o diagnóstico. O papel do psicólogo ou psiquiatra é importante no sentido de avaliar o grau de ansiedade ou de tristeza”, ressaltou.

Programação - Para marcar a Campanha Setembro Amarelo, o Lar Eurípedes Barsanulfo realizará no dia 30 diversas atividades na Praça Ipiranga em Cuiabá e também em Várzea Grande. “Estaremos em campanha, vamos para a rua, vamos levar essa mensagem de esperança, de esclarecimento, alternativas de tratamento que nós oferecemos também”, informou a coordenadora voluntária da Instituição.

* Nome fictício 




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