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Justiça e Direito
Segunda, 18 de junho de 2018, 18h02

TJ realiza oficina para auxiliar pais em divórcio


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Na sala, os olhares estão atentos ao vídeo apresentado no telão. Nele, uma jovem recém-saída da adolescência relata em detalhes os traumas vivenciados desde tenra idade, quando ela e o irmão foram inseridos em um interminável enredo envolvendo o divórcio dos pais, quando ela tinha apenas três anos e o irmão era um bebê. Solidão, sofrimento agudo, revolta, autodestruição, culpa e rancor são alguns elementos que acompanharam toda a infância e adolescência dessa menina, que reconhece que talvez nunca conseguirá ter uma boa relação com a própria mãe em virtude de muitos episódios vivenciados ao longo de sua vida. Dentre muitos que assistem ao vídeo, as lágrimas se fazem presente e demonstram quão delicado é tratar desse assunto, que envolve todo o seio familiar.

A atividade fez parte de uma importante iniciativa desenvolvida pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Nupemec), a 3ª Oficina de Parentalidade e Divórcio, realizada na tarde de sexta-feira (15 de junho). Desenvolvida na Escola dos Servidores, em Cuiabá, a ação é voltada a pais que enfrentam processo de divórcio, bem como a seus filhos, e tem como objetivo minimizar os impactos negativos de uma separação no âmbito emocional e estrutural das famílias. Visa impedir a alienação parental por ambos os cônjuges e também promover uma tomada de consciência dos papéis que estes desempenham na vida dos filhos, independentemente da quebra do vínculo marital.

Recém-separado e pai de uma menina de quatro anos, o comerciante Gidário dos Santos buscou a oficina para tentar melhorar o relacionamento com a mãe da criança, visto que estava tendo dificuldade em ter contato com ela após o fim do relacionamento, ocorrido há cerca de um mês. “Estou encantado com essa Oficina. Ali eu vi diversas situações que a gente sabe que ambos estão sujeitos a erros. A gente tem que ter esse reconhecimento. Me vi em algumas situações que preciso corrigir e melhorar, mas também consegui avaliar algumas situações que a gente já discutia em relação à maternidade e à paternidade. Fomos privilegiados de participar dessa oficina em um período tão inicial da separação. Porque se a gente vem aberto para compreender e entender qual é o principal objetivo da oficina, no final toda essa relação difícil que a gente passava pode ser vencida”, salientou.

Gidário afirma que reconhece a importância da relação de pai e filho, independente da relação entre marido e mulher. “Sei o quanto a minha filha poderia ser prejudicada com esse afastamento. Ex-filho nunca existe, né? Filho é sempre filho, tanto de um quanto de outro. Ela não vai arrumar um homem que vai me substituir como pai e nem eu vou ter outra pessoa que vai substitui-la como mãe. Somos pai e mãe e temos que ter essa consciência para o melhor andamento da vida da criança. Minha única intenção é manter uma relação amigável com a mãe dela para que eu possa acompanhar o desenvolvimento da minha filha e ajudá-la, fazer o meu papel de pai na vida dela, para que ela não venha a enfrentar problemas futuros com esse afastamento”, assinalou.

Os participantes da Oficina de Parentalidade foram divididos em quatro salas. Duas delas voltadas aos pais (que ficavam em salas distintas) e avós, uma para os filhos adolescentes e outra para as crianças. “A gente trata do momento mais difícil do casal, que faz um esforço enorme para casar e, para separar, um esforço maior ainda. A Oficina de Parentalidade chega nesse momento. O Poder Judiciário oferece, através do sistema multiportas, algo que possa fazê-los entender essa ruptura e como lidar com isso. E os filhos também reconheçam e aprendam nesse momento quais são os instrumentos que os pais detém para que ambos consigam romper o vínculo conjugal e passem a ter o vínculo parental”, explicou um dos expositores da oficina, o servidor Ubiracy Félix.

Ainda segundo salientou Ubiracy, divórcio é decisão de adulto e ambos os pais precisam aprender a conviver pacificamente após a separação. “Os filhos jamais devem passar por uma situação negativa. A criança não sabe identificar, nesse momento, o que é o melhor, mas sabe identificar a ausência do amor materno e paterno. Sempre temos orientado o casal que está nesse momento a procurar o método autocompositivo, que é a mediação. Devem buscar o diálogo. O diálogo é difícil, mas é o meio mais tranquilo e viável para que consiga resolver a situação, entendendo os sentimentos, os interesses e, o que é melhor, as partes conseguem chegar a uma decisão que elas constroem e que é favorável para ambas”.

Na sala onde estavam os pequenos de até nove anos, as ações eram desenvolvidas em forma de brincadeiras e rodas de conversa, de maneira lúdica. De acordo com a expositora Adriana Dias, as atividades servem para que a equipe consiga identificar como as participantes estão se sentindo, como elas veem o divórcio e de que forma elas veem o novo processo de vida delas. “Queremos saber como está essa situação dentro delas. E a gente trabalha com o lado positivo de tudo isso, o lado positivo do divórcio, para que eles se desenvolvam no sentido de entender que o pai e a mãe não deixam de ser pai e mãe. Não existe mais relacionamento homem e mulher, mas a família continua”, explicou.

A principal atividade era a construção da chamada ‘árvore da vida’, em formato de uma grande mão. “Explicamos que uma mão sempre anda de mão dadas com a outra, e que juntas elas formam a união. Queremos dizer que eles sempre vão poder contar com o pai e com a mãe, independente de eles não estarem mais juntos, pois não existe ex-pai nem ex-mãe”, complementou Adriana.

Ao todo, foram selecionados para participar da iniciativa 48 adultos, 12 crianças e nove adolescentes. Também participaram como expositores: Regina Cálix, Meire da Costa Marques, Cleiva Dummel, Luis Antônio Filsinger, Sandra Carolino, Claudete Pinheiro e Joana Sene. A equipe de apoio foi formada por Evanildes de Oliveira, Zilma Nunes, Matheus Coutinho, Jean Morgan, Ana Teresa Luz, Adriana Reis, Maria de Lourdes da Cruz e Eliete Domingos.

Em Mato Grosso, o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do TJMT é presidido pela desembargadora Clarice Claudino da Silva e coordenado pelo juiz Hildebrando da Costa Marques.

Confira AQUI o cronograma das oficinas para 2018.




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