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Educação
Quarta, 30 de agosto de 2017, 06h01

UFMT discute formação humana, teorias educacionais e políticas públicas


Para discutir qual é o papel da Universidade na sociedade, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus de Rondonópolis, promoveu, entre 14 e 16 de agosto, a segunda edição do Fórum de Formação Humana, Teorias Educacionais e Políticas Públicas. A proposta foi debater a concepção de formação no ensino superior e seu impacto na formação humana, perpassando as teorias educacionais e as políticas públicas.

No primeiro dia de evento, a discussão foi em torno do tema “A Universidade e a Formação Prática: quais são as implicações da formação utilitária?”, com a participação dos professores Isabella Ferreira, pesquisadora vinculada à Teoria Crítica, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e Flávio Villas-Boas Trovão, da UFMT, Câmpus de Rondonópolis.

A professora Isabella Ferreira fez uma análise crítica à formação prática por meio da pedagogia das competências. Essa prática emergiu no cenário educacional na década de 1990, e tem implicações políticas e pedagógicas. Em especial, por reduzir a carga teórica e fomentar a prática, tanto na formação de professores quanto na formação dos estudantes, seja na educação básica, ou no ensino superior. Sua análise mostrou que a pedagogia das competências acaba mascarando o fracasso escolar, e o reafirmando de uma outra maneira, com outras roupagens, mas sem combatê-lo. Desse modo, se configura, portanto, como pura ideologia.

Já o professor Flávio Villas-Boas Trovão exemplificou as implicações do neoliberalismo norte-americano, que tem como tendência o caráter privatista no cenário das políticas sociais e educacionais. Valores neoliberais como a concorrência e a meritocracia, despolitizam a educação e ditam seus rumos, tendendo a formar mão de obra acrítica, despolitizada, mas “eficiente" segundo ditames do mundo do trabalho no século XXI. O papel da Universidade é de resistência ao mercado, se voltando ao público. Caso contrário, acaba por se tornar um mero transmissor de técnicas.

Tecnicismo na formação humana

No segundo dia, com o tema “Universidade e o Mundo Administrado: superar o tecnicismo na formação humana?”, a mesa contou com a presença do professor Renato C. S. de Barros do Centro Universitário Central Paulista (Unicep), e a professora Leila C.

Aoyama Barbosa Souza, da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec).

O professor Renato C. S. de Barros, tem dedicado sua formação para a necessidade de ir além da formação técnica, para a compreensão sociohistórica do sujeito e do sistema socioeconômico em que as relações de trabalho ocorrem.

Para isso, o palestrante chamou a atenção para o fato de que na Universidade, o objetivo é uma formação ampla em detrimento de uma formação técnica, que cabia às Corporações de Ofício. Por meio da Revolução Industrial, passou-se a adotar nas Universidades um Currículo Técnico Científico e, portanto, é preciso compreender as implicações da sociedade capitalista e no papel da Universidade dentro dessa conjuntura, isto é, ou a formação para o mercado ou a emancipação humana.

Por sua vez, a docente defendeu que há uma ingenuidade na ideia de superação do tecnicismo, em especial, quando pensamos na ideia de ruptura e campo desnecessário para a formação. De acordo com a professora, é importante que o conhecimento técnico seja ampliado juntamente com a leitura de mundo, e a compreensão dos efeitos da técnica nas relações humanas e no ambiente. Ou seja, fomentando de modo indissociado a formação humanística junto a formação técnica e, portanto, promovendo uma formação crítica.

Utopias

No último dia, a reflexão realizou-se em torno do tema “A Universidade e a teoria: ainda há espaço para utopias?”, com a contribuição do professor Maurício Lourenção Garcia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e a professora Julia Rocca da UFMT, Câmpus do Araguiaia.

O professor Mauricio L. Garcia compreende que a problematização do tema revela uma inquietação política, uma vez que o cenário político brasileiro tem investido cada vez menos em educação e na formação universitária, causando desintelectualização na e da sociedade. Para o palestrante, é justamente na utopia, considerada o não-lugar, um território de possibilidades e produção de novos mundos, que muitos caminhos se tornam possíveis, dentro de uma heterogeneidade e sem cunho totalizante. Para Garcia, é preciso compreender que há uma indissociabilidade entre teoria e prática, caso contrário há teoricismo ou empirismo ingênuo. Portanto, a formação acadêmica precisa suscitar o pensamento crítico, aprofundar as implicações éticas de fazer ciência.

Por fim, a professora Julia Rocca debate o conceito de utopia de distopia, a partir do exemplo da meritocracia. Para a palestrante, enquanto a utopia surge no Renascimento como um experimento do pensamento e jogo entre intelectuais para se pensar no futuro, a distopia emerge como um conceito que explica uma sociedade planejada que não ocorre como esperado, fazendo-se necessário compreender as razões.

O Fórum contou com o apoio do Curso de Psicologia, do Departamento de Educação, e da Fundação de Amparo de Pesquisadores do Estado de Mato Grosso (Fapemat), tendo permitido a vinda de pesquisadores de outras instituições e estados para as mesas redondas. O evento ainda contou com a apresentação cultural de Amanda Maciel Silveira ao piano. 




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