“Não sei nem explicar a emoção que estou sentindo, ela é tudo o que tenho na minha vida”, afirmou o reeducando T.H.M., de 24 anos, ao conhecer a pequena Ana Vitória, de 42 dias. Nesta sexta-feira (10 de fevereiro), pela primeira vez pai e filha ficaram frente a frente. Entre muitos beijos e algumas lágrimas, o jovem carregou a filha no colo, brincou, nanou e curtiu cada segundo. O encontro foi proporcionado pela servidora do Poder Judiciário de Mato Grosso Márcia Barroso, responsável por entrevistar T.H.M. esta semana na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, em Água Boa (a 730km de Cuiabá), durante o Aprimoramento Processual da Justiça Criminal realizado pela Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ-MT).
Durante a conferência de dados do detenho, ele expressou o desejo de reconhecer a paternidade da filha nascida no fim de 2016. Coincidentemente, a esposa dele, Mônica Lima Dias, de 21 anos, estava com a bebê na cidade. “Moro em General Carneiro e vim tentar uma autorização judicial para entrar na penitenciária com ela, para que conhecesse o pai”, contou a jovem que está em Água Boa há uma semana. Não foi necessário. O encontro aconteceu no Fórum, onde foi realizada uma audiência do Pai Presente e o reeducando assinou um termo de declaração de paternidade, no qual reconhece espontaneamente ser o pai da Ana Vitória.
Esse termo vai dar origem a um processo administrativo, no qual o juiz diretor do foro irá sentenciar deferindo a paternidade e determinar a averbação no cartório de General Carneiro, onde a bebê foi registrada. Após esse trâmite, uma nova certidão de nascimento será emitida, com o nome do pai e da mãe. O documento permitirá a entrada das duas na penitenciária, em dia de visita. “Meu sonho é que ele saia logo. Choro todos os dias quando olho para ela e penso que ele poderia estar junto também. Quem sabe agora ele mude por causa dela”, declarou Mônica, que estava há mais de dois meses sem ver T.H.M., preso desde junho de 2015 por tráfico de drogas.
R.S.C., de 25 anos, também participou do Pai Presente nesta sexta. Ele foi entrevistado pela servidora Danielle Prudente de Mello e relatou possuir uma filha sem o nome dele na certidão. Para fazer o termo de declaração de paternidade ele foi trazido ao Fórum. A esposa Jessiane de Souza Costa e a bebê Emilly Sophia de Souza Costa, de pouco mais de quatro meses, moram em Vila Rica e não puderam participar da audiência. Nesse caso, a decisão judicial será enviada diretamente para o cartório de lá, para emitir a segunda via. Somente com o documento em mãos é que mãe e filha poderão entrar na unidade penitenciária para que o pai veja a Emilly pela primeira vez. “Estou muito feliz, já vou começar a planejar a viagem e esse encontro”, relatou Jessiane.
“Quero dizer muito obrigada a vocês do Judiciário. Agora tenho que mudar de vida, tenho uma filha para cuidar. Vou sossegar e já até procurei a igreja para me ajudar. Minha intenção é entrar no Projeto Araguaia”, contou R.S.C., que também cumpre pena por tráfico de drogas. O reeducando está na ala evangélica da penitenciária e frequenta a escola para reduzir a pena.