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Pesquisa/Tecnologia
Quarta, 16 de fevereiro de 2022, 07h31

Kers Wee: carro elétrico feito no Brasil deve custar R$ 93 mil e ser o mais barato do país


Compacto, nacional e com três rodas, o Wee pretende se tornar o mais barato carro elétrico à venda no Brasil. O cargo que hoje está com o JAC E-JS1, a R$ 165 mil.

Com cara de carro mas formato de triciclo invertido, o plano é vendê-lo a R$ 93 mil (ainda que o valor inicial previsto atualmente é entre R$ 95 mil e R$ 100 mil). É um ultracompacto capaz de levar até dois passageiros. A ideia é que seja exclusivo para aplicativos ou para locação, servindo como uma das soluções para o caos urbano dos grandes centros.

“Não temos mais como fugir disso. Nosso planeta está nos cobrando atitudes ambientais sadias. Precisamos fazer alguma coisa e o Wee é uma ferramenta essencial para que essa evolução de pensamento ambiental correto ocorra”, explicou Carlos Motta, CEO da Kers.

A Kers é uma startup paranaense e o wee será seu primeiro veículo. Segundo ele, a empresa foi criada para encontrar soluções ambientais sustentáveis e o carro elétrico é um produto que “está deixando de ser um sonho para se tornar uma realidade em breve”. “O Wee é um projeto que nasceu há pelo menos 15 anos, já na busca por uma solução ambiental sustentável para o planeta”, diz Motta.

Um microcarro chamado Kers Wee
O nome Kers foi inspirado no sistema utilizado na Fórmula 1 – é sigla para Kinetic Energy Recovery System, “sistema de recuperação de energia cinética”, o qual recupera energia quando o carro freia. Já o Wee é por seu tamanho: em inglês (particularmente o dialeto escocês), quer dizer minúsculo. O carro elétrico terá autonomia para 200 quilômetros, 100 km/h de velocidade máxima e carrega em no máximo, 8 horas.

“O carro elétrico não polui porque usa energia elétrica, mas ao longo de sua construção, sim. Por isso, a cada modelo colocado nas ruas, pelo menos 50 árvores serão plantadas na reserva ambiental Nascentes do Rio Açungui para neutralizar o carbono, além do plano de reciclagem que elaboramos para quando o carro chegar ao final de seu ciclo de vida”, revelou Motta.

De acordo com a empresa, o Wee tem um custo de fabricação 60% menor que o do principal rival e reduz em até 80% os gastos com reabastecimento. O projeto teve colaboração da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Unioeste e Instituto Inbramol. 

Parceria com a Unioeste e tecnologia
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e o Instituto Brasil de Mobilidade se uniram na causa e remodelaram o carro elétrico com novas tecnologias que são 100% brasileiras.

Os pesquisadores da Unioeste são os responsáveis pela parte elétrica e automação, fazendo com que seja possível transformar o veículo em algo totalmente autônomo.

Cristiano Lewandoski é mestre em Engenharia de Energia e um dos projetos do seu doutorado foi na automação e parte elétrica do carro. Segundo o profissional, as tecnologias embarcadas são: automação 4.0 (a que une as tecnologias de nuvem, internet das coisas e inteligência artificial) que ajuda no desenvolvimento para economia de bateria, incluindo maior autonomia, navegação autônoma e estacionamento inteligente.

Além disso, o carro elétrico conta com o recurso de reconhecimento de motoristas bêbado, o qual identifica o andar do motorista (aceleração e desaceleração, por exemplo) e estaciona e liga o pisca alerta, avisando os demais que há um problema no veículo.

Há também formas de identificar os problemas via 5G e realizar manutenção se for problema elétrico. “Identificamos a necessidade desse veículo poder sair sozinho da garagem ou da vaga de estacionamento pelo aplicativo, às vezes alguém estaciona do seu lado, te espremendo e a gente consegue tirar o veículo usando o celular”, contou

Essas são vantagens encontradas em elétricos (e convencionais) topo de linha atualmente. Nem de longe por menos de R$ 100 mil.

Parceira público privada para carro elétrico
A tecnologia presente no Wee foi desenvolvida no Brasil e por uma universidade pública, comemorou Lewandoski. Ele ainda instigou que muitas novidades tecnológicas estão por vir em breve. Para ele, a Unioeste está na frente e com pesquisas focadas em mobilidade urbana que prometem facilitar a vida das pessoas.

Além de Cristiano, a Unioeste contou com uma equipe de alunos e pesquisadores que se envolveram no projeto. Um deles, que desenvolveu um papel importantíssimo, foi Reginaldo Ferreira, que trabalha com biocombustível há cerca de 15 anos e uniu esforços nos últimos anos para fazer acontecer, colando até uma universidade da Inglaterra para contribuir.

Ele conheceu Motta há alguns anos em um evento e os dois seguiram para encaixar o projeto nas diretrizes do setor Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) do governo do Paraná. O investimento aconteceu por conta da potência da ideia e todo o retorno financeiro será usado para investir em mais pesquisas.

Reginaldo é professor, cientista e trabalha na Unioeste desde 1998 no Campus de Cascavel, com proximidade com o setor, ele contou da valorização e importância por ser um carro elétrico quase de produção 100% nacional, com o motor, pintura e vidros de produção brasileira. “O veículo é bacana dentro do contexto das cidades inteligentes e abre espaço para mais inovação, como trator e ônibus elétricos”, afirmou.

Tanto que um dos fabricantes nacionais que participou do projeto foi a América Latina Vidros, responsável pela modelagem dos vidros do veículo. A Kers entrou em contato com a empresa que tem sede em Cascavel em 2021 e convidou para entrar no projeto. desenvolveu tamanhos de vidraçaria específicos para isso. “Depois de ver o veículo, criamos a matriz e aceitamos o desafio de fazer o formato de vidro, principalmente a parte traseira por conta da curvatura. Também fizemos testes para assegurar qualidade e garantia, ficou muito satisfatório o resultado”, afirmou David Assis, diretor de produção e comercial da América Latina Vidros.

Wee como investimento do governo do Paraná
Nos últimos anos, o governo do Paraná está focado em colocar mais as universidades para atender as demandas da sociedade em seus diferentes setores, como na educação e tecnologia. E por isso, decidiram apoiar a iniciativa, já que vai de encontro com a diretriz política do estado.

De acordo com o Superintende Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldon Nelson Bona, a empresa já estava trabalhando há algum tempo no carro e depois, buscou a universidade para o pacote tecnológico, recorrendo ao financiamento: “Nós financiamos o valor,, um pouco mais de 300 mil nesta ação e a universidade passa a ter participação nos royalties em caso de sucesso do investimento”

Ele explicou que a ideia é atender a uma demanda de um grupo empresarial a partir da atuação da pesquisa e atuação da universidade pública. “É um produto que pode ocupar um espaço no segmento do mercado com um preço abaixo”, disse sobre como o veículo é um caminho para a mobilidade urbana com sustentabilidade.

E falando de sustentabilidade, a arquiteta que acompanhou o projeto, Evelyn Carniatto contou que a tendência é fazer o mercado crescer cada vez mais e com sustentabilidade . Evelyn atuou no auxílio do processo de compra e orçamento, vendo o veículo elétrico como outra comunicação, outra forma de comportamento.

“Na questão da montagem do veículo, participei no gerenciamento, fornecedores, interlocução entre a empresa e universidade por ser um mercado muito novo no Brasil”, disse. Ela argumentou que “não tem como resolver a mobilidade urbana somente com a implantação de ônibus elétrico, seria a inserção do usuário na mudança, com outros veículos”

O carro elétrico ficou exposto no Show Rural, uma das maiores feiras de tecnologia e agronegócio do mundo, que acontece no interior do Paraná, em Cascavel. O stand atraiu olhares dos feirantes e empresas que passaram por lá, afinal, não é sempre que se vê um carro de três rodas totalmente elétrico e com várias novidades de automação.




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