Editoria
Ontem (10/04) uma mulher de 53 anos, com sintomas de gripe, sentindo falta de ar e tosse, foi buscar atendimento médico na UPA do bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. A experiência que ela viveu envolve dois momentos: um bom e outro mal. Contudo, o mal conseguiu descontruir o que havia sido feito de bom por outras pessoas.
A mulher chegou às 9h00 da manhã. Por volta de 10 horas o diretor clínico Marcelo Maia informou para diversas pessoas que aguardavam por atendimento no salão de espera, que a unidade está melhorando o atendimento, vão pintar o local e arrumar as cadeiras. Em seguida foi servido um pão com patê de frango - muito saboroso, café ou chá, para todos que estavam no local.
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Já perto de perto de 15hs (lembrando que a pessoa chegou às 9h00 da manhã) a paciente foi chamada para atendimento. Não ficou 7 minutos no consultório onde estava o médico Hélio José de Almeida Junior que, segundo a paciente, mal olhou para ela. Dois estagiários que estavam no consultório observaram a garganta da paciente e repassaram informações ao médico.
Diante das dores ao tossir e a garganta inflamada - sua voz já quase não saia - a mulher sugeriu ao médico que fosse feito uma radiografia (raio X), o que foi negado pelo médico e pediu apenas um hemograma completo. De maneira indiferente e com certo descaso, disse para a paciente que "era o suficiente".
Já pelas 20h00 hs em sua casa a paciente teve acesso ao resultado do exame pelo site do laboratório, através de uma senha fornecida pela UPA, onde apresentava tudo "normal". Um outro médico avaliou o resultado e questionou sobre a radiografia de imediato. Diante disso a paciente terá que realizar a radiografia negada pelo médico Hélio.
“Eu fiquei contente sobre a informação das melhorias da UPA e com o lanche servido. Foi fadigante a demora de quase 7 horas, mas estava confiante que tudo seguiria como começou. Porém aparece uma pessoa [o médico Hélio José de Almeida Júnior] descompromissada com a saúde e com o ser humano e põe por terra minha auto-estima. Estamos com um alerta de gripe H1N1 e agora H3n2 o que talvez pouco importa para aquele médico. Ele só piorou minha condição” – desabafou ela.
“Estou indignada. Parecia que eu não estava alí naquele consultório. Um sistema robótico me trataria melhor. Fico imaginando quantas centenas de pessoas não sofrem o mesmo problema com um médico com essa atitude? As pessoas sofrem pior, pois eu ainda tenho carro para me deslocar, tive condições de esperar. E quem não tem? Quem depende de ônibus, o que muitas vezes nem tem o dinheiro para ir? E quem não tem quem o acompanhe? Quem não tenha com quem deixar filhos menores...?” questiona em tom de desabafo e angustia.
Pesquisa pontual
Apesar das placas informando sobre Ouvidorias do SUS, a paciente sugere que seja feita uma pesquisa junto aos pacientes após a saída do consultório (em períodos esporádicos) e que isso envolvam o Ministério Público, a Defensoria Pública, a OAB e o próprio SUS. “O que passei (e que milhares de pessoas passam) custa dinheiro para o setor público; para mim também, o que inclui humilhação” – diz ela, lembrando que a grande maioria de médicos é merecedora de respeito, diante do profissionalismo que exercem, mesmo com situações adversas à condição de trabalho.