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Terça, 21 de junho de 2011, 12h31

Trabalhadores da educação realizam ato público ao som do Hino Nacional


Após o manifesto na Seduc, categoria monta acampamento na Praça Ulisses Guimarães

A greve dos trabalhadores da educação completa duas semanas e paralisa 80% das escolas estaduais. E o movimento continua cada vez mais forte. Ontem (20) à tarde, os trabalhadores da educação realizaram ato público em frente à Secretaria de Estado de Educação (Seduc/MT). Representantes de mais de 30 municípios do Estado estão em Cuiabá e participam das atividades coordenadas pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). Após a manifestação, a categoria seguiu em passeata para a Praça Ulisses Guimarães, onde foi montado um acampamento.

Os trabalhadores rejeitaram a última proposta realizada pelo governo (implantação do piso salarial de R$ 1.312,00 até dezembro de 2011), já que ficou comprovado nos estudos realizados pelo Sintep/MT, que o piso reivindicado não está fora da realidade financeira de Mato Grosso. No início do mês de junho, a Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz/MT) divulgou que o governo do Estado arrecadou uma receita corrente (que financia as despesas) de R$ 3,49 bilhões neste primeiro quadrimestre de 2011, valor 8% superior ao arrecadado no mesmo período do ano anterior. Na outra ponta, a despesa total ficou 24% menor que o previsto de R$ 3,56 bilhões na Lei Orçamentária Anual (LOA).

Segundo o presidente do Sintep/MT, Gilmar Soares Ferreira, o acampamento ficará montado até que as reivindicações sejam atendidas, pois “é realizado pelos trabalhadores que não se adaptam às condições que possuem e não aceitam o posicionamento do governo”. O sindicalista afirmou que a intenção dos trabalhadores “não é prejudicar ninguém, mas sim, levar educação de qualidade”. “Os jornais noticiaram o aumento do orçamento do Estado no primeiro quadrimestre deste ano. E, no entanto, um dos argumentos utilizado pelo governo é que a arrecadação estava abaixo do esperado. Portanto, mais uma vez está comprovada a viabilidade da implantação do piso. Não abaixaremos a cabeça para as pressões da Seduc, que representa um governo que não investe em educação”, ressaltou o sindicalista.

A categoria luta pela implantação imediata do piso salarial de R$ 1.312,00; pela posse imediata dos professores aprovados; pelo avanço na lista dos classificados nos concursos e pelo pagamento das horas atividades para professores contratados. O movimento é também para garantir maior investimento na estrutura das escolas a fim de garantir educação de qualidade. “O discurso do governo de que não há recursos é indecente e irresponsável. Todo cidadão mato-grossense paga impostos, desde quando está mamando até a velhice. Todo esse dinheiro não foi aplicado em saúde, nem em educação, muito menos em segurança. Nós, educadores, temos a função social de mostrar que falta dignidade para todos aqueles que contribuem com o Estado”, conclamou o secretário de Comunicação do Sintep/MT, Julio Cesar Martins Viana.

Para Gilmar Soares, ao não apresentar nova proposta ao sindicato, como havia sido sinalizado na última reunião realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), na terça-feira (14), o governo do Estado demonstra fielmente o problema desse país. “Quando impedem a valorização profissional, a qualidade da educação fica comprometida. Dessa forma, todos os cidadãos que dependem do ensino público ficam sem condições de ter visão crítica a respeito da postura do governo.”

O movimento, que busca melhorias na educação do Estado, permanecerá mobilizado até que o governo faça nova proposta que contemple as reivindicações. Amanhã (21), os trabalhadores da educação farão visita à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e, na quarta-feira (22), será feita uma vigília em frente o Palácio Paiaguás para cobrar posicionamento do governador Silval Barbosa.

Calamidade no interior - Professores da rede estadual do interior de Mato Grosso relataram as condições de calamidade em que se encontram as escolas, a estrutura pedagógica e o quadro de funcionários. Denivaldo Pereira dos Santos é professor da rede estadual e dá aula nas cidades de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá, e Vila Rica, a 1.276 km da Capital, distantes 103 km uma da outra. Ele conta que um representante de Confresa, um de Vila Rica e ele, vieram para Cuiabá a fim de apoiar a greve e montar acampamento.

“Em Confresa, mais de 20 professores aprovados em concurso ainda não foram chamados. Algumas escolas estaduais funcionam em barracões; o número de merendeiras, faxineiras e de coordenadores pedagógicos é insuficiente. A falta de perícia médica é um desrespeito. Quando precisamos de licença, temos que viajar mais de 1.000 km até Cuiabá”, afirma o professor.

Eduardo Silva, professor da rede estadual de Poconé, a 104 km de Cuiabá, explica que a cidade possui 11 escolas, duas delas são no campo, que não estão paralisadas por dependerem do sistema de transporte escolar do município. “Cerca de 400 trabalhadores estão paralisados, pois temos todos os tipos de problema. Uma das escolas está sendo reformada há três anos, e até agora não se vê nenhum avanço na obra. Enquanto isso, professores dão aula em salas improvisadas, com divisórias de compensado e sem ar-condicionado”. O professor diz que pior ainda está a parte de apoio, já que o número de funcionários para fazer a merenda e realizar a limpeza é insuficiente.

“Em outra escola, existem somente três funcionários para limpar 14 salas de aula, a secretaria, direção e por aí vai. Eles precisam chegar quatro ou cinco horas da manhã para dar conta de todo o trabalho e ganham menos de um salário mínimo. São duas merendeiras para cozinhar para cerca de 1.000 alunos”, denuncia. Ele garante que os trabalhadores de Poconé estão decididos e farão o que for necessário para alcançar as reivindicações.




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