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Economia
Sábado, 14 de março de 2015, 13h33

Beisebol marca colonização japonesa em Mato Grosso


Quando os imigrantes japoneses chegaram a Mato Grosso, na década de 50, trouxeram na bagagem esperança, sonhos, saudade, além de bolas e luvas de beisebol. Sim, beisebol! Apesar de não ser oriental, esse esporte é tão popular no Japão quanto o sumô e o judô. Por ser uma atividade coletiva, foi a maneira que os imigrantes encontraram para se reunir e se divertir após a pesada jornada de trabalho nas lavouras do interior do Brasil.

À medida que os japoneses se estabeleceram no estado surgiram as associações culturais de imigrantes e com elas as partidas de beisebol nos campos improvisados. Jogador e pesquisador do esporte em Mato Grosso, Fábio Sasaki explica que beisebol era motivo de reunião e confraternização dos imigrantes, que passavam o fim de semana todo nas associações em função do esporte.

O taco era feito aqui mesmo, de madeira, e quem não tinha bola e luva improvisava. “A bola quando eu comecei a treinar era de meia. Enchia de algodão e amarrava. A luva era um couro duro, para fechar dava até trabalho”, recorda Haruo Nakamura, 90 anos, que por muito tempo se dedicou a treinar japoneses e brasileiros. “Entre tudo acho que quase seis mil criançada [sic]”, calcula o experiente jogador.

A pé ou na carroceria de caminhão, os “atletas” passavam horas percorrendo as estradas de terra de para participar dos jogos. Até a torcida ia junto. Aos 67 anos, Toshio Shima é só sorrisos e orgulho ao se lembrar daquele que seria o primeiro campeonato de beisebol de Mato Grosso, em 1964. Faz questão de mostrar a foto do time no qual jogava, o Jurigue – nome da comunidade rural onde a família trabalhava, hoje município de Pedra Preta. “De Jurigue até Cuiabá eram oito horas de viagem, dentro da caçamba ainda. Não era ônibus, não!”, ri ao lembrar das histórias.

A prática do esporte começou a enfraquecer no início da década de 90, quando muitos descendentes de japoneses foram estimulados pelo governo do Japão a ir trabalhar no país do Sol nascente devido à escassez de mão de obra. Não só em Mato Grosso, mas em outros locais do Brasil, as associações ficaram sem esses jovens para praticar o esporte, conta Sasaki. O beisebol voltou a tomar fôlego a partir da primeira crise no Japão, quando muitos retornaram ao Brasil e às atividades nas associações.

Desde então japoneses e brasileiros amantes do beisebol lutam para fortalecer o esporte em Mato Grosso. A Associação Cultural Nipo-Brasileira de Cuiabá e Várzea Grande conseguiu, em 2014, entregar para a comunidade um campo oficial para a prática do esporte. Este ano, as duas cidades, juntas, foram sede do XIII Sul-Americano de Beisebol, que serviu de seletiva para o Pan-Americano que acontece em julho de 2015, no Canadá.

A associação conta com o trabalho de um técnico que veio do Japão exclusivamente para treinar crianças, adolescentes e adultos interessados em aprender o esporte. “Nosso interesse é desenvolver uma categoria de base como é feito no futebol. É só vir com um boné, um tênis e força de vontade para encarar o nosso sol”, convida Sasaki. E o melhor, tudo gratuito!

 




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