Malheiros "vence" disputa para ser vice

Numa convenção realizada a portas fechadas e em meio a muita confusão, o Partido da República (PR) homologou o nome do deputado estadual João Malheiros para compor como vice a chapa encabeçada pelo candidato a prefeito de Cuiabá pelo PSB, empresário Mauro Mendes. Candidatos a vereador da sigla fizeram manifestação a favor do vereador Francisco Vuolo e acusaram a Executiva municipal de agir de forma autoritária e “enfiar goela abaixo” o nome de Malheiros. A reclamação principal era de que o parlamentar sequer havia conversado com eles.

“Não sabemos, não vimos, não falamos e não sabemos qual o projeto de João Malheiros para Cuiabá e para a chapa de vereadores”, disse um dos presentes. Alguns candidatos temiam ainda que o republicano não desse a eles o apoio necessário, principalmente pelo fato de seu filho, Justino Malheiros, ser candidato a vereador pelo PMDB. “Quem você acha que ele apoiará, o filho ou o partido”?, questionou uma candidata.

Em princípio, os postulantes ao Legislativo – foram definidos 28 pré-candidatos - exigiram que o partido entregasse a Mauro Mendes um documento com o nome de Malheiros e Vuolo e que deixasse a decisão a cargo do empresário, mas a sugestão acabou sendo derrubada. Na tentativa de pressionar os dirigentes partidários, avisaram que não pediriam votos para Malheiros e ameaçaram retirar suas candidaturas caso o deputado fosse o escolhido para o cargo de vice. A ameaça, no entanto, não foi suficiente para convencer os membros da Executiva municipal, que homologaram o nome de Malheiros por 12 votos a 7. A decisão foi tomada em uma sala no andar de cima da sede do partido, longe dos olhos dos demais correligionários que aguardavam resultado do encontro no andar de baixo.

Para tentar “acalmar os ânimos” e evitar que a situação se agravasse, Vuolo desceu antes dos integrantes da Executiva e pediu à imprensa e demais membros do partido que foram prestigiar o encontro que se retirassem da sala, permanecendo apenas os vereadores e pré-candidatos.

Na reunião, ele agradeceu pelo apoio e explicou aos companheiros que seu nome havia sido derrotado. Em seguida, deixou o local visivelmente abalado e cabisbaixo, sem pronunciar uma palavra sequer sobre o assunto.

Depois que Vuolo se retirou, membros da Executiva desceram e também conversaram a portas fechadas com os candidatos da sigla. Após receberem ameaça de possível desistência coletiva, os dirigentes partidários deixaram os correligionários livres para sair do partido, caso não concordassem com a decisão. O que não aconteceu.

Malheiros, por sua vez, negou que tenha imposto seu nome e alegou ser o único candidato legítimo a vice-prefeito, já que Vuolo havia apresentado seu nome para concorrer ao cargo de prefeito. Afirmou ainda que o partido permitiu a candidatura a vice de Vuolo após pedido do senador Blairo Maggi, uma vez que esta teria sido apresentada fora do prazo estabelecido pelo regimento do partido.

“Nunca escondi o desejo de ser candidato a vice do Mauro Mendes, que, em minha avaliação, é o que apresenta melhores condições para governar Cuiabá. Vencemos no voto, em uma eleição democrática”.

Assim que chegou à convenção, Malheiros anunciou que havia firmado acordo com Totó Parente e teria o apoio do PMDB caso seu nome fosse oficializado. Ao tomar conhecimento de que o partido havia firmado aliança e indicado o advogado Francisco Faiad para compor como vice do candidato Lúdio Cabral (PT), ele se mostrou descontente, mas afirmou que continuará apoiando o governo do governador Silval Barbosa. “Se houve descumprimento de acordo, não foi da minha parte”.