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Terça, 30 de outubro de 2018, 19h35

México: MSF intensifica ajuda médica no estado de Guerrero


Enquanto a violência aumenta na região de Tierra Caliente, no México – literalmente a “terra quente” – Médicos Sem Fronteiras (MSF) está ampliando a atuação de suas equipes móveis para alcançar cada vez mais áreas em menos tempo para oferecer assistência médica.

"Estamos tentando chegar rapidamente às cidades que relatam confrontos violentos para oferecer assistência médica e psicológica urgente", explica Helmer Charris, coordenador de projeto de MSF. As equipes móveis operam a partir de uma base em Iguala, no estado de Guerrero. “Também estamos monitorando a situação em aldeias remotas, onde a violência é constante e onde nos contam que não há acesso a médicos há anos - com crianças não vacinadas e gestações e partos que não receberam nenhum tipo de acompanhamento médico”.

Em Tierra Caliente, ao norte e no centro do estado de Guerrero, confrontos violentos entre grupos armados prejudicam a oferta regular de serviços de saúde. Centros de saúde menores ou até mesmo hospitais - em Filo de Caballos e Tlacotepec – foram afetados.

As equipes de MSF na área respondem de acordo com o tipo de violência sofrida pela comunidade e oferecem apoio psicossocial. No final de julho, uma equipe móvel visitou uma cidade onde foi relatado o sequestro de 12 pessoas. Até hoje, o paradeiro deles ainda é desconhecido.

Trauma recorrente

“O mais terrível é que tudo transborda. A violência recente fez com que muitas famílias revivessem a violência do passado ”, diz Alberto Macín, psicólogo de MSF. Por exemplo, Macín aborda o trauma de uma família que sofreu a experiência de um sequestro do chefe de família, em 2014, em um incidente de extrema violência. O homem foi sequestrado e mantido por quatro meses junto com outras sessenta pessoas. Ele testemunhou o brutal assassinato e tortura de detidos, incluindo alguns que foram queimados vivos ou mutilados para obrigar as famílias a pagar o resgate.

Durante esse tempo, a família do homem estava em constante estado de desespero. "A mãe e as crianças, sempre que viam corpos abandonados, corriam com pressa para ver se algum dos restos mortais pertencia ao pai e ao marido", observa o psicólogo. Após a liberação do homem, sua família sofreu ainda mais violência quando foram forçados a lidar com o assassinato de dois de seus filhos - um dos quais foi morto na frente do filho mais novo. Agora, após o recente sequestro em julho, o chefe de família sofre de depressão grave e outros membros da família sofrem de estresse pós-traumático.

Em outro momento, em uma cidade na região norte de Guerrero, onde o centro de saúde está fechado há dois anos, as equipes de MSF ajudaram a reformar a instalação e fornecer medicamentos. Agora, o centro de saúde da cidade possui um enfermeiro que ocasionalmente viaja com a equipe móvel de MSF.

Tensão e conflitos violentos

Em áreas mais próximas de Michoacán, nas montanhas de Petatlán, “há uma presença constante de armas e a tensão é alta”, relata Charris, coordenador de projeto. No final de agosto, a equipe recebeu relatos de confrontos violentos. O terreno acidentado da região também dificulta o acesso às comunidades. Estradas de terra podem ser muito difíceis de atravessar, especialmente depois de fortes chuvas.

Uma equipe de MSF – formada por um gerente de logística, enfermeiro, psicólogo e médico – presenciou um tiroteio na periferia de uma cidade na Serra de Guerrero e foi forçada a se abrigar no centro de saúde local. (Instalações de saúde são consideradas zonas neutras e devem ser protegidas a todo momento.) Além de tratar duas pessoas feridas, a equipe conseguiu ajudar duas meninas que também se abrigaram no centro de saúde e sofriam de ataques de pânico. Eles também cuidavam de outros membros da comunidade que buscavam proteção nesse mesmo local.

Quando o tiroteio parou, a equipe pôde voltar para a base. Nos dias seguintes, as equipes planejaram retornar a essa cidade e a outros lugares afetados pela violência, como Filo de Caballos, onde eles presenciaram um tiroteio de seis horas.

"Tentamos ser muito dinâmicos", diz Sergio Martín, coordenador-geral de MSF no México. “As necessidades na região são enormes, com centros de saúde que estão fechados há muito tempo, em áreas onde as pessoas estão presas em suas cidades. Sair é perigoso e buscar acesso aos serviços de saúde em outras cidades é quase impossível. Essas necessidades são mais urgentes quando ataques e ameaças ocorrem com mais frequência, como é o caso agora. Em colaboração com o Ministério da Saúde, estamos analisando as necessidades mais urgentes e tentamos chegar às pessoas, de uma forma acordada por todas as partes envolvidas."




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