Cuiabá | MT 26/04/2024
Mundo
Sábado, 30 de março de 2019, 19h34

Situação do clima em 2018 mostrou aumento dos efeitos da mudança climática, diz relatório


Os sinais físicos e os impactos socioeconômicos deixados pela mudança climática são cada vez maiores devido às concentrações de gases de efeito estufa sem precedentes, que provocam um aumento das temperaturas mundiais a níveis perigosos, segundo o relatório mais recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

.

A 25ª edição da Declaração da OMM sobre o estado do clima mundial, correspondente a 2018, destacou a elevação recorde do nível do mar, assim como das temperaturas terrestres e oceânicas, que ficaram excepcionalmente altas nos últimos quatro anos. Esta tendência de aquecimento começou no início do século e deve continuar.

“Desde a primeira publicação da Declaração, a climatologia alcançou um grau de robustez sem precedentes e proporcionou provas confiáveis do aumento da temperatura mundial e de circunstâncias relacionadas, como o aumento acelerado do nível do mar, a redução dos gelos marítimos, o retrocesso das geleiras e fenômenos extremos, tais como as ondas de calor”, afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Estes indicadores fundamentais da mudança climática estão se tornando mais pronunciados. Assim, os níveis de dióxido de carbono, que eram de 357,0 partes por milhão (ppm) em 1994, quando a Declaração foi publicada pela primeira vez, seguem aumentando, tendo alcançado 405,5 ppm em 2017. É previsto que em 2018 e 2019 as concentrações de gases causadores do efeito estufa aumentem ainda mais.

A Declaração da OMM sobre o clima inclui contribuições dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais, de uma ampla comunidade de especialistas científicos e de órgãos das Nações Unidas. Nela, são explicados com detalhes os riscos relacionados ao clima e seus impactos à saúde e ao bem-estar das pessoas, às migrações e aos deslocamentos, à segurança alimentar, ao meio ambiente, aos ecossistemas oceânicos e terrestres. Da mesma forma, os fenômenos extremos que acontecem em todo o mundo são catalogados.

“Fenômenos extremos continuaram no início de 2019, como o caso recente do ciclone tropical Idai, que provocou inundações devastadoras e a trágica perda de vidas humanas em Moçambique, Zimbábue e Malauí. Pode ser que se transforme em um dos desastres meteorológicos mais letais a afetar o Hemisfério Sul”, destacou Taalas.

“O Idai tocou a terra na cidade de Beira (Moçambique) — uma cidade em rápido crescimento, situada em baixa altitude em um litoral vulnerável às marés de tempestade e que já está sofrendo as consequências da elevação do nível do mar. As vítimas do Idai encarnam as razões pelas quais é necessário contar com uma agenda mundial de desenvolvimento sustentável, de adaptação à mudança climática e de redução de riscos de desastres”, afirmou.

No início do ano, as temperaturas diárias de inverno na Europa bateram recordes de calor, enquanto se observou um frio incomum na América do Norte e ondas de calor abrasador na Austrália; por sua vez, a superfície de gelo do Ártico e da Antártida voltou a ficar muito abaixo da média.

Segundo o mais recente Boletim sobre o Clima Estacional Mundial (de março a março) da OMM, temperaturas da superfície do mar acima da média – parcialmente por conta de um El Niño de baixa força no Pacífico – deve levar a uma temperatura acima do normal em terra, especialmente em latitudes tropicais. 

Impactos Climáticos

Perigos: Em 2018, a maioria dos perigos naturais que afetaram quase 62 milhões de pessoas esteve associada com fenômenos meteorológicos e climáticos extremos.

As inundações seguem como fenômeno com maior número de afetados — mais de 35 milhões de pessoas —, segundo análises de 281 fenômenos registrados pelo Centro de Investigação da Epidemiologia de Desastres e pela Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres.

Os furacões Florence e Michael foram dois dos quatorze “desastres de milhares de milhões de dólares” que aconteceram em 2018 nos Estados Unidos, provocando em torno de 49 bilhões de dólares em danos e deixando mais de 100 vítimas fatais.

O supertufão Mangkhut atingiu mais de 2,4 milhões de pessoas e provocou a morte de ao menos 134, principalmente nas Filipinas.

Na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, mais de 1.600 mortes foram atribuídas às intensas ondas de calor e a incêndios florestais, que também causaram danos materiais sem precedentes de quase 24 bilhões de dólares nos EUA. Em Kerala, na Índia, foram registradas as piores inundações em quase um século.

Segurança alimentar: A exposição do setor agrícola aos fenômenos climáticos extremos ameaça reverter ganhos da luta contra a desnutrição. Novos indícios apontam para um aumento contínuo da fome após um período prolongado de diminuição, segundo dados complicados por órgãos das Nações Unidas, entre eles a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Estima-se que o número de pessoas subalimentadas tenha chegado a 821 milhões em 2017, devido em parte às graves secas associadas ao intenso episódio do El Niño de 2015/2016.

Deslocamentos populacionais: Dos 11,7 milhões de deslocados internos registrados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) em setembro de 2018, havia mais de 2 milhões de pessoas em situação de deslocamento por conta de desastres relacionados a fenômenos meteorológicos e climáticos.

Secas, enchentes e tempestades (incluindo furacões e ciclones) são os fenômenos que ocasionaram a maior quantidade de deslocamentos por desastres em 2018. Em todos os casos, as populações deslocadas são vulneráveis e precisam de proteção.

Segundo a Rede de Vigilância e Proteção dos Repatriados, do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), entre janeiro e dezembro de 2018 foram registrados cerca de 880 mil novos deslocamentos internos. Destes, 32% foram atribuídos às inundações e 29% à seca.

Centenas de milhares de refugiados rohingyas foram obrigados a fazer deslocamentos secundários por conta de fenômenos meteorológicos extremos, como fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terra.

Calor, qualidade do ar e saúde: Existem diversas interconexões entre clima e qualidade do ar que estão sendo exacerbadas pela mudança climática.

Estima-se que, entre 2000 e 2016, o número de pessoas expostas a ondas de calor tenha aumentado aproximadamente 125 milhões, dado que as ondas de calor eram, em média, 0,37 dias mais longas que no período de 1986 a 2008, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Estas tendências levantam alerta na comunidade da saúde pública, à medida que se prevê que a intensidade, a frequência e a duração dos episódios de temperaturas extremas aumentem ainda mais.

Alguns dos efeitos ambientais são o branqueamento dos corais e a redução da concentração de oxigênio nos oceanos. Outros efeitos são a perda de “carbono azul”, associado a ecossistemas costeiros, como mangues, pradarias marinhas e pântanos; e a alteração de ecossistemas muito diversos.

É esperado que o aquecimento global contribua para a diminuição do oxigênio em alto mar e em zonas oceânicas costeiras, entre elas, estuários e mares semifechados. Desde meados do século passado, há uma estimativa de diminuição de entre 1% e 2% no estoque de oxigênio oceânico em todo o mundo, segundo a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A mudança climática emergiu como uma grande ameaça aos ecossistemas de turfas, porque acentua os efeitos de drenagem e aumenta o risco de incêndios, segundo a ONU Meio Ambiente.

As turfas são de grande importância para sociedades humanas de todo o mundo. Elas contribuem de forma significativa para a adaptação à mudança climática e para a mitigação de seus efeitos mediante o sequestro e o armazenamento de carbono, a conservação da diversidade biológica, a regulação do regime hidrológico e da qualidade da água, e outros benefícios para ecossistemas que repercutem positivamente nos meios de subsistência.




Busca



Enquete

O Governo de MT começou a implantar o BRT entre VG e Cuiabá. Na sua opinião:

Será mais prático que o VLT
Vai resolver o problema do transporte público.
É uma alternativa temporaria.
  Resultado
Facebook Twitter Google+ RSS
Logo_azado

Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.

email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114