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Interior de MT
Segunda, 29 de agosto de 2011, 07h52

Diamantino recebe acervo de obras da Expedição Langsdorff


Uma viagem ao interior do Brasil, no início do século 19, onde as memórias de um povo são resgatadas. É o que retrata a exposição "Expedição Langsdorff", aberta na noite de sábado (27), no município de Diamantino (200 Km de Cuiabá), no Centro de Eventos Juarez Abreu. Os quadros são reproduções de desenhos e aquarelas de Rugendas, Taunay e Florence e mapas inéditos de Rubtsov, criados durante a expedição ao interior do Brasil entre os anos de 1821 e 1829.

A noite começou com a visita à antiga Casa Canônica de Diamantino, tombada em 2003 e revitalizada no ano de 2007 pelo Governo do Estado, com recursos na ordem de R$ 315,8 mil, passando a ser chamada de Casa Memorial dos Viajantes. Cidade de garimpo, Diamantino remete por meio do espaço físico uma história de centenas de anos, com resgate cultural de valorização de seu povo.

As peças originais estão no museu russo de São Petersburgo e graças ao empenho da administração municipal, juntamente com o diamantinense, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o escritor, historiador e poeta Nicolas Behr foi possível que a população de Diamantino pudesse conhecer o seu passado.

De acordo com o prefeito da cidade, Juviano Lincoln, os diamantinenses se sentem honrados com esse evento e principalmente “por ter em Gilmar Mendes um diamantinense nato, que saiu de um Estado periférico e de um município periférico é um motivo de muito orgulho. Tê-lo no lançamento dessa expedição é uma honra porque foi ele que nos ajudou a tornar tudo isso realidade. Graças a ele conseguimos trazer essa expedição para cá”, contou.

Em viagem à Rússia, Gilmar Mendes, em 2009, soube do acervo das obras e ao retornar ao Brasil entrou em contato com o Banco do Brasil, que se sensibilizou pela importância da documentação histórica das obras, que resultaram nesse trabalho já divulgado em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Depois Mendes entrou em contato com Nicolas para que Diamantino pudesse ter um conjunto de obras em forma de réplica para o município. O trabalho foi articulado e desempenhado para que a população não só de Diamantino, mas de todo Estado e País agora possam ter acesso. As reproduções das obras ficarão de forma permanente em Diamantino e serão expostas futuramente no museu local.

Nicolas conta que o expedicionário Georg Heinrich von Langsdorff revelou ao mundo um Brasil interiorano, em uma das últimas expedições clássicas que vieram para o Brasil. “Daqui há alguns anos vamos ter consciência do que está acontecendo hoje em Diamantino. É um fenômeno mundial, um ato histórico, é mais um diferencial para Diamantino. Levaram o ouro, mas deixaram muita história, a continuidade de um resgate cultural”, pontuou Behr ao destacar o empenho pessoal do ministro Gilmar Mendes para que Diamantino fosse brindada com essa exposição. “É nesta exposição que está guardada parte da memória de Diamantino. Cada quarto da antiga Casa Canônica é um pedaço da história, é um patrimônio que tem que ser mostrado e compartilhado”, complementou.

Para o escritor, essa exposição é um resgate e valorização de um passado muito rico porque o povo teve a história do diamante e do ouro. “Um povo tem que conhecer seu passado. As pessoas só valorizam quando o conhece e essa é uma oportunidade”, disse.

A importância histórica de Diamantino é indiscutível, segundo o prefeito Linconl, ao falar que quando a expedição passou pela cidade e ficou ali por seis meses, Diamantino a cidade tinha apenas 87 anos. “Essa exposição marcará para sempre a história. Vamos divulgar o que é lindo em Diamantino. Esse espaço histórico e cultural expõe parte da história do município em livros, fotos, desenhos, objetos que procuramos manter na melhor conservação possível para se contar a história, com mais qualidade e realidade”, falou ao mencionar a Casa dos Viajantes, que possui um acervo sobre toda a antiguidade da cidade em expedições, também de Marechal Rondon.

O prefeito destacou a parceria do Governo do Estado em relação ao patrimônio histórico diamantinense. “O Governo do Estado foi muito sensível em relação a esse espaço físico, foi um importante parceiro para que essa história seja contada hoje, um governo que está procurando acertar”

Ele aproveitou a oportunidade para contar que a expedição de Langsdorff durou oito anos e disse que a mesma é considerada mundialmente uma das maiores e mais importantes do século 19 pelo número de registros. 

HISTÓRIA

Ao andar pelos corredores da Casa dos Viajantes, os visitantes voltam no tempo onde as dificuldades existiam, mas a vontade do descobrimento, de abrir e desbravar terras era maior do que qualquer desejo e medo diante da imensidão da mata fechada em Mato Grosso, numa cidade onde a reza, que tem no mínimo 200 anos de tradição e a religiosidade é um dos pontos fortes da cultura dessa população. Pelas fotos, manuscritos, desenhos, cartilhas e mapas pode-se imaginar como os integrantes da expedição viviam. São obras feitas à mão com nanquim, os retratos da época. São 12 salas, sendo uma reservada para projeção de vídeos, onde algumas delas são entituladas Memória Jesuítica, Indígena e Ex-independentes. Cada uma contando sobre uma parte da história desconhecida por muita gente.

A secretária de Estado de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida, que na oportunidade do lançamento da Exposição representou o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, falou da honra que é sempre que o ministro Gilmar Mendes se faz presente em eventos no município de Diamantino e ressaltou o apoio que o Governo tem dado a questões culturais, como bem lembrou em relação a revitalização da Casa dos Viajantes. “As questões culturais são importantes para o Governo do Estado. Temos que ter de pé o que ainda há para futuras gerações, vivenciando momentos diferentes da população com sua história. O Governo do Estado foi o principal parceiro para manter a Casa Canônica junto aos padres. É importante estarmos vivos para termos a oportunidade de conhecer esse pedaço da nossa história. É um motivo de orgulho para quem veio, quem nasceu e quem viverá aqui, principalmente para que as pessoas sintam-se mais pertencentes a essa cidade”.

A secretária também destacou a luta de Gilmar Mendes para a manutenção da cultura e de todo esse acervo para a cidade e falou que o trabalho educacional desenvolvido é voltado para a origem de Mato Grosso, sem perder sua identidade.

O ministro Gilmar Mendes falou da alegria de estar presente numa exposição que traz uma referência praticamente única de ter 50 telas de Langorsdoff em Diamantino. Segundo ele é algo diferenciado devido a essa peculiaridade que renderá destaque. “Mato grosso teve uma importância muito grande nessa expedição e Diamantino passa a cultivar valores importantes da nossa história”, disse ao lembrar do advento da Copa do Mundo de 2014, onde essa exposição será importante para o fomento da cultura e turismo. “Mato Grosso conhece esse prodígio que aqui se realiza. Estamos em plena globalização, mas relembrando o passado, isso é muito interessante”.

Mendes lembrou que não é fácil ter um museu numa cidade do interior,” mas hoje temos um espaço para cultuar a memória dos viajantes. Hoje temos esse espaço e a cidade se faz digna nos seus quase 300 anos. Resgatou-se esse papel, da memória, de não só o que se passou aqui em Mato Grosso, mas em Diamantino”.

Durante a solenidade de abertura da Exposição Langsdorff o ministro Gilmar Mendes entregou às autoridades o catálogo da Expedição. Estavam presentes autoridades municipais e a população local.
 




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