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Interior de MT
Domingo, 02 de outubro de 2011, 16h28

Delegado Moraes Franco faz balanço da ação da Polícia Civil e avanços da Sesp na região Noroeste


O polo regional de Juína (735 km a Noroeste), no ano de 2010, diminuiu em 27,1% os crimes de homicídio, baixou para 44,4% às tentativas de homicídio e 9% os roubos, além de reduzir em 28% os crimes ambientais. Os números são considerados avanços para uma região que compreende municípios como Colniza e Juruena, que já estiveram na lista do mapa da violência dos municípios, do ano de 2008, como uns dos mais violentos do Brasil.

Atuando na região desde o ano de 2004 e há três anos como regional, o delegado Alexandre Moraes Franco, nesta entrevista, fala do trabalho da Polícia Civil realizado na região e dos avanços da Segurança Pública na redução da criminalidade.

A Delegacia Regional de Juína é responsável pela administração de duas delegacias na cidade de Juína (Regional e CISC), e pelas unidades de Castanheira, Aripuanã, Colniza, Cotriguaçu, Juruena e Rondolândia. Até julho deste ano, as delegacias encaminharam à Justiça 529 inquéritos policiais, 128 atos infracionais e 362 termos circunstanciados de ocorrência. Na região foram formalizadas a prisão de 190 pessoas em flagrantes das polícias Civil e Militar, além de 91 presos em cumprimento de mandados de prisão.

No ano de 2010, a Regional de Juína teve queda nos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e roubo, como senhor avalia o desempenho das unidades em relação à criminalidade?

Delegado Alexandre - Na verdade estes índices vêm diminuindo desde 2008. Acredito que os fatores preponderantes sejam, primeiro, o combate eficiente ao tráfico de entorpecentes, segundo, a melhoria na qualidade de vida da população, em função do crescimento e urbanização da região Noroeste, o que reflete na criminalidade em geral. Especificamente em relação aos homicídios e tentativas, vemos que tais delitos têm diminuído em função do abandono da exploração do garimpo manual, em um primeiro momento. Em um segundo momento, tais crimes diminuíram como efeito do combate ao tráfico doméstico de drogas. Já a diminuição dos roubos se deu fundamentalmente pela atuação repressiva das policiais civil e militar.

É possível traçar um perfil da região em relação à prática de crimes?

Delegado Alexandre - É uma região de economia do setor primário. A atividade extrativa vegetal e mineral, e a pecuária, são os carros chefes da economia local. Soma-se o comércio atacadista no pólo regional (Juína). A economia reflete nos tipos de crimes mais frequentes. Por exemplo, o esbulho possessório (invasão de terras) é bastante frequente, o que resulta em conflitos fundiários e toda a gama de delitos que advêm destas circunstâncias. De outra ponta, não se registra muitos roubos em função exatamente da ruralidade da atividade, tendo em vista que essa modalidade de crime é mais urbana.

Quais as maiores ocorrências e o que a Polícia Civil está fazendo para combatê-las?

Delegado Alexandre - Como em outras regiões, o delito mais registrado é o furto. Soma-se a este as questões ligadas ao campo, como esbulho possessório e crimes ambientais. Os furtos são combatidos com ações pontuais na cidade, em relação a cada criminoso ou grupo de deliquentes como, por exemplo, representações por prisões preventivas e buscas domiciliares. Em relação às invasões e crimes ambientais, a atuação é mais preventiva, realizada em conjunto com os órgãos ambientais e a polícia militar.

Em relação às metas da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), a Regional de Juína concluiu quase todos os inquéritos de homicídios instaurados até dezembro de 2007. Qual foi a estratégia utilizada pela Regional?

Delegado Alexandre - É verdade. Acredito ter sido este um dos maiores feitos do ano. Arregaçamos as mangas e conseguimos concluir e encaminhar ao fórum, durante os meses de junho e julho, 503 dos 512 inquéritos de homicídio parados, em toda a Regional. Restaram apenas nove. O regime foi o de mutirão e a estratégia foi simples: disposição e vontade. Disposição para trabalhar e vontade de se ver livre de inquéritos emperrados há décadas nos cartórios das delegacias.

Qual a maior dificuldade em investigar crimes praticados há tanto tempo?

Delegado Alexandre - O desaparecimento dos vestígios e das testemunhas. Essa é uma região de população volátil e, na época dos crimes, a maior parte dos habitantes era de garimpeiros e aventureiros em geral. Os crimes ocorriam e seus autores e testemunhas sumiam. Isso quando dava para identificá-los. Na maioria das vezes, sequer eram identificadas as vítimas (apenas pela alcunha), que se dirá dos autores e testemunhas. De forma que na maioria dos inquéritos foi sugerido o arquivamento por falta de identificação do autor e, às vezes, da própria vítima.

O que a Polícia Civil conseguiu de melhorias no atendimento à população na regional de Juína, no período que está à frente da Regional?

Delegado Alexandre - Tivemos um grande avanço no aspecto estrutural. Algumas delegacias com estrutura precária foram reformadas ou mudaram de sede. A antiga Delegacia Municipal de Juína foi substituída pela CISC/Juína, já em funcionamento desde o início deste ano. As delegacias de Cotriguaçu e Juruena também mudaram para novos prédios, ambos construídos em convênio com as prefeituras. Quanto às viaturas, todas as unidades foram agraciadas com viaturas tipo caminhonetes, novas. Armamentos e coletes balísticos também foram disponibilizados a todos os servidores. O único fator que fica a desejar é o pessoal. De fato, ao invés de acréscimo, houve decréscimo do efetivo nos últimos 4 anos. É preciso regionalizar os novos servidores, de forma que sejam mantidos na região pelo menos durante o estágio probatório, para que não haja prejuízo de pessoal nas unidades.

E o trabalho da Polícia Civil no interior, como o senhor avalia, tendo em vista as dificuldades estruturais e de efetivo?

Delegado Alexandre - Levando em consideração todas as dificuldades de ordem estrutural e humana, não tenho modéstia alguma em dizer que somos verdadeiros “heróis” no interior. Isso porque fazemos o possível e o impossível para que nosso serviço seja prestado da melhor forma possível. Os bons resultados alcançados são frutos deste empreendimento. O diferencial é o zelo pelo serviço prestado, advindos de duas palavras-chave: seriedade e comprometimento.
 




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