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Variedades
Domingo, 11 de setembro de 2011, 11h20

Pequi de Tocantins e Goiás chega na frente e começa a colorir as praças de Cuiabá


 
Anderson atende a clientela em frente a Riachuelo

Alberto Romeu
PlantãoNews


A ruas centrais de Cuiabá começam a dar espaço aos vendedores de pequi. As grandes bacias de alumínio com os frutos do pequizeiro colorem a cidade, nesta época em que os ipês também roubam cenas em um período de seca e cores cinzentas da natureza. A época aguça os apreciadores da culinária de pratos a base de pequi, onde muitos tem retorno garantido nos pontos de venda das praças da cidade. Porém, neste começo, os produtos não são legítimos mato-grossenses. Alguns vêm de Goiás e até de Tocantins, mas garantem lucro e sobrevivência para famílias que vivem de sua venda.

Anderson de Almeida vende pequi em frente a lojas Riachuelo, na avenida Getúlio Vargas, ao preço de R$ 10 tendo como medida uma lata de óleo de soja (900 ml) . Conta que o seu produto vem de Tocantins onde por questões climáticas as primeiras colheitas são daquele estado e de Goiás. “Pequi de Mato Grosso só no final de novembro e dai pode se colher até janeiro e fevereiro” – observa. Ele disse que há 12 anos vende pequi em Cuiabá e que em outros períodos vende frutas no carrinho. Mas o fruto do pequizeiro rende mais lucro na temporada, chegando a vender 120 kg em um só dia.

Monica Salim parou na banca de Anderson por curiosidade. “O que é isso” – perguntou ela ao vendedor. Ao saber que se  tratava 
Mônica Salim e Karolaine

 de pequi fez uma série de questionamentos, como se era picante, ardido, azedo ou doce. Especulou sobre como preparar. Ela é de Piracicaba, interior de São Paulo e chegou a imaginar que poderia se preparar um pato ao tucupi... com o pequi. Ao lado da sobrinha Karolaine Aparecida Rodrigues Benites, “cuiabana nascida em Rondonópolis” – como fez questão de frisar – a jovem de 13 anos esbanjou conhecimento. “Eu já comi pequi com galinha, com arroz e com carne de porco também”, demonstrando o gosto pela culinária.

Na esquina da rua 13 de Junho com a Praça Ipiranga, entre auto-falantes, corre-corre de clientes das lojas de magazine e eletrodomésticos, Luzia Pereira dos Santos há dois anos ganha a vida vendendo pequi durante os cinco meses do ano. A medida custa R$ 7,00 e uma lata e meia é oferecida a R$ 10,00 por ela que lembra ter entrado na profissão através do namorado, hoje seu marido, que explicou a tática para a venda. “Não é fácil. Se não souber vender e seguir alguns segredos você tem prejuízo” – alerta Luzia, lembrando de custos como o da fabricação do tabuleiro (o carrinho feito em madeira), a

Luzia, ao lado da mãe Ermelinda: qualidade do pequi é satisfação para o cliente.

bacia de alumínio sempre brilhando, as embalagens, os frutos estragados ou ainda antes do ponto, e outras despesas como água para beber e a comida durante o dia. Luzia diz que gosta de decorar a bacia, pois enche os olhos dos clientes. Também abre um guarda-sol para proteger os frutos “e ficar sempre fresquinho, assim mantém a qualidade” – destaca.

Tanto Luzia quanto Anderson dizem que a média do produto para compra no atacado é de R$ 40 um pacote ou entre R$ 300 e R$ 350 um galão de 20 litros, com a diferença de que o primeiro ainda vem em casca e portanto numa quantidade
Perde-se muito pequi após retirar da casca: prejuízo para quem vende.

bem inferior. “Perde-se muito do pacote, muitas vezes ainda branco (fora da época de colheita) ou estragado, já preto por ter passado o tempo. Sua média de venda também é de 120 kg ao dia, o que garante sustento para criar uma filha de 15 anos que sempre a ajuda desde pequena. Ela diz que um fato interessante é que os clientes sempre voltam em busca do pequi. Fora da época da produção, Luzia vende frutas em uma banca em frente ao Hospital Geral de Cuiabá e se gaba: “é uma banca bem bonita”.

A mãe de Luzia, dona Ermelinda Pereira dos Santos, está sempre ao lado da filha. Ele venda água mineral na Praça Ipiranga, em um carrinho de picolé. “Não tenho aposentadoria, não tenho marido, nem fonte de renda. Então vou sobrevivendo”, conta.

Do outro lado da esquina o jovem Paulo Tavares Vieira, 16 anos, que tem o apelido de Thiago, “mexe” com pequi desde que nasceu. Seu pai fornece o produto para os revendedores. Vindo de Goiás, hoje é morador do Porto, em Cuiabá, diz que come pequi de todo jeito: puro, galinhada e até com carne moída. Detalha que consegue uma renda diária de aproximadamente R$ 200 bruto ao dia e que os clientes são específicos. 

Thiago, filho de revendedor: 'mexe' com pequi desde que nasceu.

O fruto - Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o pequi (Caryocaraceae) é uma fruta nativa do Cerrado, conhecida popularmente como “piqui”, “piquiá”, “piqui-do-cerrado”. As plantas podem chegar até sete metros de altura e produzem de 500 a 2000 frutos. Os frutos são do tipo drupa (formato do fruto) com quatro lóculos que contêm cerca de cem a trezentos gramas.

O pequizeiro floresce de agosto a novembro, iniciando a maturação dos frutos em meados de novembro até início de fevereiro.Os frutos além de serem utilizados na culinária brasileira servem para a extração de óleos utilizados na indústria farmacêutica para obtenção de cosméticos e a madeira na construção civil e no setor medicinal. O óleo produzido pode ser usado contra bronquites, gripes, resfriados e expectorante.

Cuidados - Na página da Wilipédia explica-se que a polpa macia e saborosa deve ser comida com bastante cuidado, uma vez que a mesma recobre uma camada de finos espinho que, se mordidos, fincam-se na língua e no céu da boca, provocando dores intensas, e deve-se portanto assimilar a técnica de degustação que é de fácil aprendizado. Deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres. Deve ser levado a boca para então ser "raspado" - cuidadosamente - com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada e parar antes que os espinhos possam ser vistos.  

Confira uma receita de Jupirany  Devillart, repórter fotográfico e pesquisador gastronômico, que reside em Mato Grosso desde 1.980, clicando Aqui 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




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