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Sexta, 16 de junho de 2006, 15h10

Venda antecipada da soja é segurada pelo câmbio


Fernando Pozzobom decidiu, há três anos, fazer vendas antecipadas da soja que produz. Desde então, comercializa de 30% a 40% da safra futura até o mês de junho, meses antes do plantio. Neste ano, o produtor de Sorriso fechou até agora a entrega de apenas 20% da produção. Nos anos anteriores, o câmbio estava melhor nessa época, compara.

Possobom acertou contratos antecipados para se proteger contra futuras quedas nos preços da soja. Mas admite que fechou os negócios na expectativa de que haja mais desvalorização do real frente ao dólar. A perspectiva é que o câmbio esteja melhor até março de 2007 para que o preço em real seja rentável, diz.

O produtor Ricardo Tomczyk, que também dirige a Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MT), planta 5,3 mil hectares de soja no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Normalmente, até junho ele vende 20% de sua produção. Neste ano, ainda não realizou negócios. Mesmo com a elevação de preços na bolsa de Chicago nos últimos dias, a cotação convertida para real não se mostra rentável, reclama ele.

Como Pozzobom e Tomczyk, outros produtores reduziram o ritmo de vendas antecipadas de soja. As principais razões apontadas são câmbio desfavorável, altas não tão acentuadas na bolsa de Chicago e falta de procura pelas indústrias.

Levantamento da Safras&Mercado aponta que, até hoje, as vendas antecipadas (incluindo contratos de entrega futura em troca de insumos) atingem de 3% a 5% da produção prevista para a próxima safra, projetada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em 56 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, o índice chegava a 6%.

Flávio França Júnior, analista da Safras, salienta que há mais vendedores que compradores no mercado neste momento. As tradings optam por não fechar negociação por conta do histórico de produtores de não honraram o compromisso de entrega no passado recente. Também há incertezas sobre a área a ser plantada e a produtividade nas lavouras.

Procurados, executivos de empresas como Bunge, Cargill e ADM não foram encontrados para comentar sobre o assunto. Uma fonte das indústrias que prefere não se identificar diz que há de fato muito receio das empresas em fazer a compra antecipada, tendo em vista que muitos produtores não honraram compromissos em safras anteriores. O caso mais grave ocorreu no ciclo 2003/04, quando centenas de produtores deixaram de honrar contratos. Calcula-se que esses contratos correspondiam a 30% da produção da época, de 49,5 milhões de toneladas.

Júnior diz que a realização de vendas antecipadas deve ser avaliada com cuidado. Embora o preço em Chicago esteja atrativo, na conversão em reais a cotação não se torna rentável em algumas regiões do país. Por isso não há um movimento explosivo de vendas, explica.

Ontem, em Chicago, os contratos do grão para entrega em março de 2007 alcançaram US$ 6,3760 por bushel - acima da média histórica de US$ 6. Somado ao prêmio positivo de dez pontos, o valor pago no Mato Grosso chega a US$ 10. O produtor precisa fazer a conta e avaliar se esse valor remunera, diz Júnior. Segundo Adilson Jacinto, que planta 3,6 mil hectares em Sinop (MT), o preço de Chicago ainda não compensa. O ano passado, fechei negócios em julho a US$ 7,10 por bushel. Este ano, a cotação teria que chegar a US$ 7,20 para me dar lucro, diz.

Renato Sayeg, analista da Tetras Corretora, observa que as condições de clima nos EUA podem proporcionar picos maiores nas cotações nas próximas semanas. É muito cedo para fechar vendas antecipadas, afirma Sayeg. Para o analista, o câmbio continua sendo fator preponderante na decisão dos produtores.

A valorização do dólar nas últimas semanas favoreceu as vendas da atual safra (2005/06). De acordo com a Tetras, quase 10% da safra foi comercializada apenas nos últimos 30 dias, chegando a 58% do total produzido no ciclo. O volume ainda é inferior à média histórica, de 63%. Na quarta-feira, a saca foi vendida em Rondonópolis (MT) a R$ 24,20. No porto de Paranaguá, a saca era indicada a R$ 30,50.

No Sul, segundo Antonio Sartori, analista da Brasoja, as vendas da safra 2005/06 não chegam a 45% da produção e ainda não houve vendas antecipadas da safra futura. O preço atual está muito próximo da média histórica. Não vale à pena fixar venda neste momento, afirma.


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