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Alberto Romeu Pereira
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Quinta, 16 de novembro de 2017, 22h11

Qual o comando mais criminoso?

O histórico Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, publicou hoje seu editorial com o título 'Qual o comando mais criminoso do Rio de Janeiro?' onde discorre sobre a corrupção nos órgãos públicos daquele estado e em sua extensão afetou setores essenciais, como Saúde e Educação - onde nem se precisa pontuar sobre a Segurança Pública.

Enxergo sua importância como conteúdo jornalístico, crítico e, até posso afirmar, uma realidade em cada lugar deste Brasil. Se dos poderes maiores (governo, assembleia ou tribunais) o problema ganha espaço nas mídias sociais e nos grandes veículos de comunicação, outro grande problema não tem proporção igual; contudo o caos não é diferente em cada município com suas prefeituras e suas câmaras de vereadores.

É comum ler nas redes cidadãos arrotando arrogancia sobre o problema nacional, com esse ou aquele presidente da República, mas não aponta o dedo para o que está ali na sua frente, a Câmara de Vereadores ou o Executivo Municipal, onde milhares de milhões vão para o ralo da má gestão, da corrupção e do crime contra a Saúde e a Educação.

Afirmar que todas os setores são corruptos é, certamente, cometer um crime contra aqueles que ainda caminham pelo justo e correto, mas convém dizer que transitam sob incessante tentação - talvez até por sobreviência ao cargo.

Segue então, o editorial do Jornal do Brasil:

Qual o comando mais criminoso do Rio de Janeiro? O comando que frequentou a Alerj? O que comandou o governo durante oito anos? O do Tribunal de Contas? Ou o Comando Vermelho?

Nos três comandos, as cores azul e branco - da nossa querida bandeira - são ensanguentadas com o desemprego, a falta de salário dos trabalhadores, os hospitais que, por incrível que pareça, matam, não pelas mãos de seus grandes médicos e funcionários, mas pelas mãos do poder, que não lhes permite salvar vidas por tanto que roubou. Esfacelaram os cofres públicos e mataram os desgraçados que, sem outra alternativa de sobrevida, buscavam os hospitais que esses bandidos, pela autoridade que tinham e por terem roubado o que roubaram, não permitiam que funcionassem.

Nossa bandeira está ensanguentada também pelos alunos que não puderam estudar. Hoje se lê que nasceram menos crianças esse ano em função da epidemia de Zika. O que não se escreve é que, durante dez ou 15 anos, faltarão fluminenses formados em quantidade - talvez centenas de milhares - porque esses comandos são os responsáveis pelos professores sem salário, pelas balas perdidas que fecharam colégios e pela greve dos que eram obrigados a parar suas atividades porque não tinham como pagar suas despesas de casa.

Qual o comando mais criminoso do Rio? Ainda pode haver dúvidas?

E o que faz um povo diante de tudo isso? Assiste resignado, sofrido, sendo obrigado ainda a ver e a ouvir, toda hora, que ninguém admite propina. Quando se discute propina, quando há denúncia, o que se tem que admitir é que houve propina. Só se envolve em propina quem está no meio dela. Não existe diálogo entre alemão e chinês, que não falam a mesma língua. Não se ouve pobre dizer que estava envolvido em propina, que deu ou recebeu propina. Mas no Brasil, o pobre é imediatamente xingado de ladrão quando envolvido em algum caso, mesmo quando, muitas vezes, não tem culpa.

Diante de tanta desilusão que o povo vive, o que será que o povo da propina espera, tanto os que pagam quanto os que recebem? Com deve reagir o pobre que não dá e nem recebe propina? E como deve reagir a maioria esmagadora do povo, que não dá e nem recebe propina, mas sofre por causa daqueles que defendem e impedem a prisão dos propineiros?

O Brasil discute as eleições de 2018. Com certeza já se sabe qual será o tipo da campanha: os candidatos serão aqueles que sempre representam os grupos envolvidos em propina - quase todos - e o grupo dos que nunca se ouviu falar que estiveram envolvidos em propina, o grupo do povo. Será difícil saber qual que vai ganhar? É só ver o lado mais forte, não o mais forte do dinheiro, mas por ter sofrido sempre pelas propinas que os grandes ganhavam. E aí os estudiosos, os sociólogos, os cientistas políticos, preocupados com aquilo que já têm certeza, começarão a formular o informulável. Mas contra o povo, não há formulação que vença a resistência.

Alberto Romeu Pereira é jornalista em Mato Grosso. E-mail romeu@plantaonews.com.br
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