|
Tweetar |
Na Capital, o rio recebe 86% do esgoto "in natura" produzido pela população e cerca de 400 toneladas de lixo que escorrem através dos 24 córregos existentes na capital
O evento “Abrace o rio Cuiabá” que acontece este ano no dia 6 de junho durante toda a manhã de domingo na ponte Julio Muller pode ser considerado o maior movimento popular de conscientização ambiental do Brasil. Na sua sexta edição, o “ Abrace o rio Cuiabá” , realizado pela Assembléia Legislativa, terá a presença de estudantes e professores de mais de 130 escolas públicas e particulares além de um aumento significativo de representantes de ONGs e colônias de pescadores. Só no ano passado o evento reuniu 15 mil pessoas, entre estudantes, profissionais da educação, pescadores, ribeirinhos e moradores de Cuiabá e Várzea Grande.
Com mais de 20 anos de trabalho na comunicação, o então jornalista e hoje deputado estadual, primeiro secretário da Assembléia Legislativa e atual presidente da Comissão de Meio Ambiente do legislativo, Sérgio Ricardo (PR) foi o idealizador do Abrace o rio Cuiabá, sempre buscando alertar os administradores públicos e a população quanto à saúde frágil do rio Cuiabá e as consequências catastróficas para população, tais como doenças, aumento da temperatura local e extinção de espécies da fauna e da flora.
“Temos mostrado a toda a sociedade que o rio está morrendo aos poucos, sufocado pela ocupação desordenada em suas
margens e destruído pelas atividades humanas como dragagem, mineração, agricultura, geração de energia e pela falta de tratamento de esgoto. Não podemos mais ficar assistindo a agonia do rio que é um dos mais importantes para o Pantanal. É preciso que tantos projetos de conservação anunciados até hoje saiam do papel”, disse Sérgio Ricardo.
A falta de destinação de milhares de toneladas de lixo produzidas por Cuiabá e Várzea Grande e que acabam no rio Cuiabá e logo depois no Pantanal tem sido motivo de denúncia constante do deputado. Pelo menos duas vezes por ano equipes formadas por Sérgio Ricardo em parceria com pescadores, ribeirinhos e Corpo de Bombeiros fazem a coleta de toneladas de lixo nas margens do rio Cuiabá e nas baías do Pantanal.
“Este ano tivemos a triste notícia de que o tratamento do esgoto reduziu 15% na Capital segundo dados publicados pelo Instituto Trata Brasil. No ano de 2007, 29% eram tratados e em 2008, caiu para 14%. É lamentável que aconteça isso num estado rico como o nosso. Estamos sendo observados por causa da Copa do Mundo de 2014 e o que temos pra mostrar? Três séculos sem nenhum investimento em saneamento. Temos que ter políticos mais preocupados com o coletivo do que com política”, comentou o deputado.
O resultado da pesquisa foi divulgado no início do mês de maio em Cuiabá e mostra que dos 2,7 bilhões de litros de esgoto produzidos nos domicílios da Capital, apenas 387,2 milhões de litros têm destinação correta. O restante, 2,3 bilhões, é despejado diretamente nos rios Cuiabá e Coxipó e nos 24 córregos da cidade.
Morte anunciada
O rio Cuiabá, com uma bacia de 100 mil quilômetros quadrados, percorre 828 km abastecendo 13 municípios da Baixada Cuiabana, matando a sede de cerca de um milhão de habitantes na região. Na Capital, o rio recebe 86% do esgoto "in natura" produzido pela população e cerca de 400 toneladas de lixo que escorrem através dos 24 córregos existentes na capital.
Pesquisa realizada recentemente pela Universidade Federal de Mato Grosso demonstra uma realidade assustadora: 80% destes córregos estão mortos. Essa rede hídrica é que abastece o rio Cuiabá e pelo menos um destes córregos, o Ribeirão do Lipa, possui o principal ponto de captação de água que abastece a capital. Os pesquisadores têm alertado: pode faltar água na região ou então o tratamento de água pode ficar cada vez mais caro para o poder público.
Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.
email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114