Sexta, 09 de maio de 2003, 17h26
CEF não aconselha uso do FGTS em ações
O setor da Construção em todo o país está comemorando o parecer do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, sobre o uso dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Mattoso disse, na última segunda-feira, em São Paulo, que estudo da Caixa desaconselha o uso do FGTS no mercado de ações. “A posição do presidente da Caixa segue o que os Sinduscons têm repetido há dois anos: o dinheiro do FGTS é do trabalhador e deve ser usado em obras sociais, não no mercado financeiro ou no programa de desestatização”, ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon-MT), Oscar Soares Martins.
Desde 1998, os dois programas sociais ligados ao FGTS estão paralisados: o Pró-Moradia e o Pró-Saneamento. Embora o governo federal tenha justificado a paralisação com a ausência de recursos, meses após autorizou o uso de dinheiro do FGTS para a compra de ações da Companhia Vale do Rio Doce, da Petrobrás e, mais recentemente, do Banco do Brasil, este último com o processo tendo sido paralisado. “O dinheiro usado nessas compras de ações deixou de construir casas e de fazer redes de saneamento, em um país altamente carente nessas áreas”, ressalta Oscar.
Na segunda-feira, Jorge Mattoso enfatizou que o dinheiro do FGTS deve ser direcionado ao financiamento da habitação e do saneamento. Mattoso reconheceu que os estudos, solicitados à diretoria responsável pela gestão do FGTS, chegaram a uma conclusão contrária e “extremamente desfavorável” ao uso dos recursos nas bolsas de valores.
Para o presidente do Sinduscon-MT, se o parecer de Mattoso não for seguido pelo governo federal, estará caracterizada uma grande incoerência: “O presidente Lula, originário do sindicalismo, estará priorizando o mercado financeiro, que não gera emprego e não distribui renda, em detrimento da construção civil e das carências sociais brasileiras”, finaliza.