Cuiabá | MT 20/05/2024
Gabriel Novis Neves
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Segunda, 20 de fevereiro de 2012, 08h38

Lembrança

Um amigo meu esteve, neste final de ano, visitando seus familiares no interior de São Paulo, em sua cidade natal - cujo nome não consta em mapa algum, muito menos nas estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De lá me trouxe uma pequena lembrança. Existe uma sutil diferença entre presente e lembrança.

Segundo um sociólogo, além de demonstração de afeto, o presente tem uma característica de cerimonial e até envolve um certo caráter de obrigação. É puramente cerimonial e simbólico.

Já a lembrança é algo que uma pessoa nos oferta, pensando exclusivamente em nós. A originalidade é uma das características da lembrança.

É fundamental conhecermos essa sutil diferença, para prevenção de aborrecimentos.

Na redundância, nem todo presente é lembrança, assim como uma lembrança não significa sempre presente.

Às vezes, a lembrança está mais para uma ofensa. E demonstra, desta forma, o caráter duvidoso daquele que escolheu o objeto da lembrança.

Estava em meu consultório, que fica em um hospital muito movimentado, quando sou avisado pela recepcionista de que uma jovem, com um pacote de presente, estava à minha espera na recepção.

Terminei a consulta e pedi que entrasse.

Recebi uma caixa enorme de papelão em forma de coração, toda enfeitada com suave papel em cores delicadas e desenhos de pequeninas rosas.

Fitas com muita arte cruzavam a caixa que era arrematada por um coração, feito de delicado material vermelho, onde estava escrito: “Te amo”.

Pedi ajuda à minha enfermeira, pois não estou acostumado a receber presentes assim, especialmente com esse volume, e tão bem elaborados.

Aberta a caixa, abundante papel finíssimo importado escondia a lembrança.

Enfim, surge um pinico com sinais de uso.

Era o retrato da personalidade do meu amigo.

Essa lembrança, com certeza, é um apelo para que eu nunca me esqueça de que é naquela porcelana que ele vive sentado os momentos mais felizes da sua vida. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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