Cuiabá | MT 20/05/2024
Gabriel Novis Neves
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Quinta, 29 de março de 2012, 08h43

Parem com isso

O governo acha que o brasileiro que trabalha quase cinco meses por ano para sustentar a máquina do governo é ignorante.

Bem que há um esforço público para manter a nossa gente distante da educação acadêmica, estratégia até agora alcançada, menos nas estatísticas oficiais, que sei como são feitas.

O saber independe da educação, mas sim, da cultura de um povo. O analfabeto, por falta de oportunidades, detém saberes. Muitos, com formação acadêmica completa, estão no grupo, cada vez maior, de analfabetos funcionais, patente genuinamente brasileira.

Leia esta notícia do jornal A Gazeta.

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou a contratação, em caráter emergencial, de quinze clínico-gerais e dezesseis pediatras para atuar no serviço de Pronto-Atendimento das seis unidades da capital que estavam sem profissionais.”

Faz tempo que as “pedras da cidade” reclamam da falta de médicos nos postos de atendimento da prefeitura - neuros cirurgiões, ortopedistas, cirurgiões, intensivistas, entre outros - além do indispensável apoio dos diferentes profissionais de nível superior que compõem a equipe multidisciplinar de saúde.

Surpreendentemente, uma chuva de publicidade invadiu nossas casas com mensagens políticas visando às próximas eleições para a prefeitura da ex-Cidade Verde.

Gostei de ver a criatividade da propaganda que diz que, enquanto o governo do Estado, todos os dias, anuncia uma obra que nunca sai do papel, a prefeitura realiza obras em toda a cidade, transformada em um imenso garimpo e, só depois de concluídas, são anunciadas com o carimbo de prontas.

Isso sempre acontece com técnico de futebol. Ele anuncia como vai jogar para vencer e esquece-se de combinar com o adversário.

Para que anunciar que vai contratar médicos quando a urgência manda colocá-los em seus postos de trabalho, para só depois comunicar a população?

Milhares de reais jogados no lixo, pois o que se fala como verdade na peça publicitária não acontece de fato.

Quem deve ter ficado alegre com essa mentira da prefeitura, foi o Excelentíssimo Governador.

Algumas obras anunciadas ficaram em protocolos assinados e fotos.

Hospital da Criança, conclusão do Hospital Central, aumento do número de leitos para Cuiabá, programa fila zero para atendimento clínico-laboratorial e cirúrgico.

Equacionamento do fornecimento dos medicamentos da Farmácia Popular (foi fechada uma perto da Cemat). Resolvido em definitivo o grande problema dos medicamentos para os pacientes transplantados e aqueles pacientes necessitados de outros remédios da farmácia de alto-custo.

Convênio com a rede privada e pagamento sem calote. O atendimento é prestado e o calote continua, com atrasos que contribuem, e muito, para um maior fechamento dos hospitais privados. Cuiabá perdeu nos últimos dez anos, cerca de mil leitos, e a população aumentou.

No caso da nossa prefeitura, ela confessa que há falta de médicos, logo a população pobre está sem assistência médica.

O difícil será encontrar profissionais qualificados para trabalhar em regime de plantão, pois que, por 12 horas noturnas de trabalho por semana, se paga uma ninharia. Existe, claro, a promessa de aumento salarial com a tal da produtividade - que o governo paga quando pode, e não incorpora ao salário para fins de aposentadoria.

O médico, quando não morre no exercício da sua profissão, aposenta-se, e continua fazendo bicos para comprar remédios.

Por favor, passageiros homens do poder!

Parem de subestimar a inteligência da gente cuiabana!

Cumpram com os seus deveres, que é trabalhar em benefício da população e economizem os recursos da publicidade enganosa. O povo sabe quando o seu dinheiro está bem empregado e quando é engodo.

Imitem as galinhas que, só cantam após botar o ovo. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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