Quebra de safra altera preços

As perdas provocadas pelo excesso de chuva no Mato Grosso do Sul e em outros estados brasileiros devem mexer com a cotação das commodities no mercado nacional

As perdas provocadas pelo excesso de chuva no Mato Grosso do Sul e em outros estados brasileiros devem mexer com a cotação das commodities no mercado nacional. A quebra na produção observada em algumas regiões do país pode ser interessante para os produtores que conseguirem espaço no mercado e aproveitarem os preços elevados nas negociações.

O diretor da Aprosoja, Carlos Fávaro, explica que a pouca oferta dos produtos pode fazer com que o preço da soja, por exemplo, ultrapasse os US$ 23 (saca), cotados atualmente. "Não é que estejamos comemorando a desgraça alheia, mas é assim que funciona a lei da oferta e procura". Ele acrescenta que além das plantações do Mato Grosso do Sul, algumas regiões de São Paulo e do Rio Grande do Sul estão sofrendo com as constantes chuvas.

No estado vizinho, a projeção para safra recorde de grãos ficou para mais tarde. Os produtores da região já consideram a temporada com uma das piores dos últimos anos. A Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) está fazendo levantamento, mas as estimativas apontam média de 50% de perdas na cultura da soja. Em valores, os prejuízos podem chegar a R$ 1,5 bilhão. Os municípios da região Norte do Estado foram os mais prejudicados, com perdas acima de 50% da área plantada.

Para o economista Amado de Oliveira Filho, as chuvas podem prejudicar também os produtores de Mato Grosso, neste caso no escoamento da produção. "No caso da soja, o preço é formado no mercado internacional. O que deve impactar é no processo de retirada dos produtos para as indústrias". Ele explica que o atraso na entrega pode elevar o preço do frete. O economista lembra que as condições da estradas mato-grossenses sem asfalto e com buracos serão responsáveis por impactar negativamente na renda do produtor. "Com todos esses problemas, encontrando ainda pontes quebradas, sendo obrigados a fazer desvios, o custo do transporte aumenta e quem paga é o produtor. É menos rentabilidade".

A gazeta