Cuiabá | MT 03/05/2024
Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho
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Segunda, 06 de maio de 2013, 15h20

Mato Grosso, nos perdoe!

No dia 9 de maio de 2013 será comemorado o aniversário de 265 anos de criação da Capitania de Mato Grosso, o primeiro nome do nosso querido Estado. A data foi instituída por meio da Lei estadual 8.007/2003, todavia, o Decreto 1.539/2012, publicado no Diário Oficial de 28/12/2012 (que trata das datas comemorativas), nada fala do aniversário ilustre (o ignora por completo). O Governo de Mato Grosso se “esqueceu” de mencionar no decreto estadual, tal data festiva (ao mato-grossense, a mais importante de todas).


No entanto, este é o menor dos males que são cometidos pela nossa classe política contra o aniversariante.

O nosso Mato Grosso acolheu a todos que para cá vieram (abraçando-os como filhos), migrantes dos mais distantes rincões deste país, que chegaram à busca de melhores condições de vida para si. Houve um tempo em que de Mato Grosso se buscavam as riquezas da poaia, do ouro e das pedras preciosas, da madeira e de tantos outros tesouros naturais (borracha, plantas medicinais etc.). Mas, conhecendo o povo local e a sua hospitalidade, os brasileiros de todas as regiões resolveram aqui fixar suas raízes, abrindo estradas, construindo cidades, lavrando a terra e trazendo tecnologias que permitiram a circulação de riquezas.

Entretanto, um desses “filhos” só tem trazido vergonha a Mato Grosso.

Já há muito tempo em que esse “filho” aparece nas páginas principais de jornais de grande circulação nacional (O Globo, Folha de São Paulo), da revista Veja e de emissoras de televisão (Band) nos envergonhando perante todo o Brasil. Com muita justiça recebeu da imprensa nacional o nada honroso título de “rei dos ficha sujas”. Responde a quase 200 ações na Justiça, é acusado de embolsar mais de 500 milhões de reais de recursos públicos (valor atualizado) em atividade criminosa.

Esse sujeitinho (baixo na estatura física e na moral) implantou o maior regime ditatorial que se tem notícia na atualidade, amordaçando completamente o Poder Legislativo há mais de duas décadas. O prejuízo à Democracia é incalculável, três gerações de mato-grossenses não conhecem o que seja um deputado estadual livre e independente, com raríssimas (cada vez mais) e honrosas exceções.

Mas não é só o Legislativo que está sob a batuta do “ficha suja rei” que vem envergonhando o aniversariante Mato Grosso.

Parte importante do Poder Judiciário estadual há muito tempo desfila sob suas ordens, a tanto que dentre os magistrados estaduais punidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a pena de “expulsaposentadoria”, vários deles mantinham relações estreitamente promíscuas com o político “rei dos fichas-sujas”.

Lembramo-nos que no recente ano da graça de 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou do cargo dois juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso no curso de uma ação penal (que pode gerar “cana”), e ambos os magistrados também tinham relações próximas com o “rei dos fichas-sujas” (o trio era “vigiado” pela PF).

Pois bem.

Gostaríamos de dizer muito mais sobre o tal sujeitinho, declinar informes e descrever pormenores de sua conduta, mas encontro óbice na Justiça estadual de Mato Grosso. O Judiciário protege o nome do “rei dos fichas-sujas”, por meio dos processos 31387-15.2009.811.0041, Código 396250 (Décima Terceira Vara Cível de Cuiabá/MT), processo 22768-62.2010.811.0041 Código 450016 (Décima Quarta Vara Cível de Cuiabá/MT) e processo 8391-28.2006.811.0041 Código 239507 (Nona Vara Cível de Cuiabá/MT). Há risco de sermos presos pelo Juiz da Décima Vara Criminal (processos número 4274-49.2010.811.0042 Código 156926, 6099-28.2010.811.0042 Código 158743, 11898-18.2011.811.0042 Código 313408) se ousarmos pronunciar em público o nome do rei dos “fichas-sujas” do Brasil.

Ah, se o CNJ souber disso!

Como visto, há mais de vinte anos o Poder Legislativo de Mato Grosso está engessado, nada produzindo de decente para o povo e para o Estado, apesar de gastar meio bilhão de reais todos os anos (este é o tamanho do orçamento da Assembleia Legislativa). Todo mês são gastos cerca de 20 milhões de reais com propaganda e milhares de litros de gasolina são “queimados” pelo “rei dos fichas-sujas”.

Tais gastos não geram coisa alguma ao aniversariante Mato Grosso (a não ser despesas fúteis).

O Poder Judiciário estadual de Mato Grosso, por sua vez, também passa pelo vexame de ter alguns de seus integrantes ligados ao “ficha-suja”, houve juiz que expediu ordem de prisão contra os criadores do “varal das calcinhas”. Explicamos: o “ficha-suja” gastou recursos oriundos dos impostos que você paga, supostamente para locar um avião numa loja que vendia lingeries. Como forma de protestos contra o acinte, alguns manifestantes do MCCE criaram um “varal das calcinhas” em praça pública para denunciar os fatos. E não é que um juiz estadual mandou apreender panfletos e tudo o mais, e deter quem se recusasse à “obediência”?

Então se Mato Grosso tem um Poder Legislativo que se sujeita aos interesses deste “ficha-suja”, o Judiciário (em parte, diga-se) rendendo-lhe salamaleques e alguma proteção básica (a tanto que o CNJ questiona esse “habeas preventivo e permanente”) e o Poder Executivo está a seu serviço, o que resta a comemorar?

Caro Mato Grosso: alguns de seus filhos não te merecem! Mesmo assim, parabéns pelos 265 anos (e desculpe o Governo ter esquecido de seu aniversário). 

Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) Comitê de Mato Grosso.
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