Domingo, 11 de maio de 2014, 11h17

Virou Anja

Entre tantos feriados, me perdi no tempo e buscava forças para passar o Dia das Mães. Eu estava em Primavera do Leste e queria vir para Cuiabá para ir no cemitério. Este seria o terceiro ano sem a minha mãe, aqui fisicamente, que viveu por 84 anos.
Já era quinta-feira e falei para minha esposa, Márcia, para preparar as coisas, quando ela me informou que o Dia das Mães não seria naquele domingo próximo (dia 4). _ É no outro domingo, dia 11.

Me senti meio cachorro em dia de mudança e aquilo caiu quase como um alento. Mas o relógio não para, os não dias passam e hoje chegou o dia. O Dia das Mães. E agora? As rosas vão para outro endereço. O abraço fica 'virtual' e o seu sorriso está preservado na
memória e nas fotos.

A dor da saudade existe, não há como negar. É amor, é sentimento, é respeito e reconhecimento por tanta luta que enfrentou na vida para dar vida aos seus sete filhos. Guerreira, percorreu corredores de escolas em busca do ensino pedagógico, pois a Educação já era construída no berço.

Quando grandes não deixou de se preocupar, aconselhar e nos últimos momentos da vida repetia a frase quando as contentas nasciam: "Deixa pra lá. Deus sabe o que faz" e por essa razão muita resignação tomou conta dos espaços de conflito.

Agora sua voz não ecoa... e as contendas não existem mais. Deixei pra lá mãe.

Pra compensar Deus me permitiu na terra viver com você, Marcia Pereira?, mãe dos meus filhos Mannuh Mara?, Andre Romeu? e Andrey Romeu? o que preenche a saudade daquela que foi mãe adorada, vó amada e sogra querida. Um beijo minha mãe Anisia Ramos Pereira.

Que virou anja ! 

(Vale detalhar: Eu sempre pedia a benção para a minha mãe. O beijo e o abraço ela ficava sem jeito e dizia que não tinha esses costumes, não teve essa educação, não aprendeu essas coisas de carinho e que a sua vida foi muito dura. Mas sempre fiz questão de beija-la e abraça-la. Só não o fiz no velório. O corpo esta frio e não quis levar a lembrança de um beijo gelado)