Cuiabá | MT 04/05/2024
Alberto Romeu Pereira
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Domingo, 03 de outubro de 2010, 14h27

Praticamente, Silval por Silval

Quando o tiro de largada foi dado na manhã de 3 de outubro e os candidatos não tinham mais tempo para, sequer, tomar isotônicos, muita coisa estará passando na cabeça de cada um sobre o que deixou de fazer, ou o que poderia ter feito melhor. De todos, Silval Barbosa, candidato do PMDB na coligação que reúne PT e PR, certamente estará vivendo reflexão mais impactante sobre suas estratégias de campanha. E é justamente Silval que talvez tenha cometido um deslize mortal naquilo que os candidatos têm, hoje, uma das ‘armas’ mais importantes: a propaganda – ou o marketing como queiram.
Com o fim das campanhas onde shows de cantores, confecção de bonés, camisetas e outros brindes foram proibidos, além de que a Justiça Eleitoral está marcando pesado contra compra de votos de todo tipo (em Alto Garças, Sul de Mato Grosso, nunca se construiu tanta casa quanto das eleições de 2008), o candidato tem que se valer em mostrar o que fez e construir um sentimento junto ao eleitor do que poderá representar para sua melhoria na qualidade de vida, incluindo geração de empregos, segurança, saúde, infraestrutura, educação ...
O candidato Silval Barbosa, preferido nas pesquisas de intenções de voto até o dia 2 de outubro, se esforçou para passar para o eleitor a mensagem do que poderá representar, mas certamente não valorizou o que mais poderia ter sido explorado: o que fez ao lado de Blairo Maggi e está (!) fazendo no momento em termos de obras que não estão aos olhos dos milhares de eleitores que moram e votam no maior colégio eleitoral de Mato Grosso, que é Cuiabá.
O eleitor de Cuiabá (e de outras grandes municípios), que não viaja com freqüência não tem total conhecimento do trabalho de infraestrutura das estradas, como por exemplo a duplicação da Serra de São Vicente que está praticamente pronta, e seus 40 centímetros de espessura de puro concreto promete qualidade para os próximos 20 anos. A continuidade das obras da ferrovia entre Alto Araguaia a Rondonópolis que já avançaram mais de 100 km, a interligação de vários pequenos municípios de Nortão, formando uma teia de asfalto e qualidade de vida, onde antes era apenas lama e poeira. Nem mesmo o asfaltamento ligando Cuiabá a Rosário Oeste – livrando milhares de pessoas do trecho da Rodovia da Morte que passa por Jangada – foi devidamente mostrado para milhares de trabalhadores, donas de casas, jovens estudantes que vivem sob o calor cuiabano, que fazem milhares de quilômetros todos os anos, mas dentro de coletivos sufocantes que os levam ao trabalho, à escola, às atividades de rotina como a postos de saúde da Capital. Tem ainda a rodovia Santo Antonio de Leverger a Barão de Melgaço que interliga com a Serra de São Vicente. E antes ainda... a duplicação Cuiabá/Santo Antonio de Leverger, já na terraplangem, além do Hospital Universitário, e ...
Em suas peças, a candidatura de Silval não explorou sequer o lado governo Lula na Avenida das Torres, do Anel Viário que está em andamento, na água do PAC que chega às famílias cuiabanas. Não mostrou as obras de interligação asfáltica de vários bairros que foram iniciadas com emendas dos parlamentares. Não mostrou a qualidade disponibilizada aos milhares de alunos com a construção das escolas estaduais padrão que não está só em Lucas do Rio Verde. ‘Mostrar’, não significa uma maquete, uma ilustração, ou uma fala. Mostrar seria demonstrar, construir sentimento, dar movimento as peças publicitárias e fazer com que o eleitor valorizasse aquele trabalho que ele não vê no dia a dia, mas que lhe é útil na extensão do seu meio de convivência e reconhecimento ao governante. Tudo ficou muito genérico – como pontuou um morador de Nova Mutum que destacou detalhes da rodovia que interliga sua cidade a São José do Rio Claro, Tangará, Diamantino, Sapezal: “Não é só o asfalto em si, mas o que ele traz em saúde, economia, segurança, satisfação...” disse.
Em pólos separados, a estrutura de marketing de Silval Barbosa – ao menos para algumas pessoas críticas e honestas – deixou de destinar o que mais se precisaria: sentimento, amor, paixão, razão, emoção, satisfação, motivação, tesão! – por quê não?
Um apresentador desconhecido, falando a dezenas de metros do foco da câmera, um governador engessado num estúdio, sem explorar os Estradeiros, uma coisa ‘tipo assim’ (lembra?), sem sinergia, distante, sem simbiose, sem uma ação acoplada, sem chegar ao êxtase do momento. Esse estado de coisa não foi manifestado por ninguém da própria equipe do candidato – se querem saber! – mas foi análise durante o concurso dos 40 dias que antecederam a eleição, e vozes resignadas de quem, fora da equipe, não conseguiam contribuir com o processo no quesito marketing, propaganda, publicidade...
Hoje Silval pode vencer, apertadíssimo como indicam os institutos. Mas também poderá se vencer Silval e dar segundo turno, como apontam os mesmos institutos históricos e respeitáveis. Se a primeira possibilidade acontecer, é justo se registrar que a ele [Silval] deve-se todos os méritos pela conquista e despreendimento pessoal, juntamente com sua esposa cuja dedicação e motivação surpreendeu a muita gente (igualmente ao trabalho de Terezinha ao lado das três eleições de Blairo Maggi). Da engenharia de intenções de boa vontade, deve-se ficar o exemplo do que não foi feito como deveria ter sido feito. O candidato se fez por si próprio enquanto que ancoraram, se acomodaram nos resultados positivos, sem se esforçarem, algo como “tamo ganho”.
Sem nenhuma presunção, recordo que nas eleições de 1998 fiz a mesma observação quando Júlio Campos (com um manancial de obras do seu então governo 1982/1987) foi derrotado por Dante de Oliveira num resultado de 472.409 votos contra 332.023 votos. Escrevi bem antes do dia da eleição em jornal impresso, o que me custou posicionamentos de indiferença e contestação, mas que certamente contribuíram para rever conceitos e aprender com os fatos para candidatos e equipes. Como agora há segundo turno...se preciso, poderá ser tentar remendar a colcha de retalho.

 

Alberto Romeu Pereira é jornalista em Mato Grosso. E-mail romeu@plantaonews.com.br
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