Cuiabá | MT 25/04/2024
Alberto Romeu Pereira
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Segunda, 20 de abril de 2015, 11h08

Sonho bonitinho sob teto de eternit

As pessoas reclamam agora da Dilma quando as coisas estão apertadas. Imagino que é preciso um novo Vinte Centavos pra mexer com a classe política e jurídica deste País, pois aquele movimento espontâneo de 2013 foi verdadeiro, apartidário. Não sei que Brasil será este nos próximos 5 anos - nem precisa ir tão longe.

Há anos o jovem não recolhe Previdência porque não trabalha. Ele praticamente está proibido por conta de uma generalização de coisas que acontecem no Brasil. Detectam 10 casos de exploração de menor em carvoarias no Nordeste e o resto do País é enquadrado na forma de tratamento que menor é um cristal e o empregador um bandido. O País do bonitinho e certinho não tem estrutura para colocar em prática o que é pensado nas salas com ar condicionado, nos gabinetes de poltrona de couro com massageador. Longe estão do teto de eternit sem forro e não pensam numa junção necessária para essa transposição ao sonho incabado.

Foi-se o tempo em que o menor podia trabalhar e recolher seu INSS. E era obrigado a estudar, se bem lembram os doutores da Lei de cabeça branca que agora miram para suas merecidas aposentadorias. Hoje o menor ou jovem é proibido de trabalhar. Ele está robotizado. O que mexe com computador não pode lavar o copo que bebe a água no ambiente de trabalho. Coisa que acontece nos órgãos públicos - pago com o dinheiro do empreendedor, do trabalhador e do catador de papel na rua.

A regra hoje é estudar. Estudar e estudar mesmo que a realidade seja um faz de conta. Basta andar em bairros (mesmo próximos ao centro das cidades) e observar o quanto de jovens perambulam pelas ruas sem fazer nada. Ou melhor, fazem, o errado se entregando ao tráfico e ao "apego" de coisas fáceis. Uma educação escolar fragilizada, onde o professor é Abjeto na mãos de jovens com seus celulares indispensáveis. Os estudantes de hoje não se submetem a obediência de pai e mãe, que fará de professor. Na regra do formatado ensino, quando o jovem completa 21 anos ganha 100 reais para estuar o tal Projovem Urbano e ai vai levando. Aquelas reportagens bonitas dos que conquistam isso ou aquilo é como um grão de areia no deserto.

Perambulam por cursinhos de qualificação (teve um em Mato Grosso, que custou R$ 25 milhões...) onde a maioria dos próprios "qualificadores" nunca se submeteram a regras do trabalho formal, com patrão, horário, disciplina. E quando estes jovens chegam nas empresas continuam a achar que estão naquele mundinho do bonitinho e ai se depara com uma rotatividade de mão de obra sem fim. A crítica vem das próprias empresas que gerenciam estágios.

Em Campo Grande (MS) junto com minha família tomavamos café no antigo Hotel Americano e em um canto uns oito senhores de cabelos grisalhos, na média dos seus 70 anos comentavam que a carteira de trabalho deles era assinada desde os 12, 14 ou 16 anos de idade. E se gabavam de estarem aposentados. E, questionavam: o que vai ser do futuro desses jovens de hoje? E com saudosismo diziam que o melhor documento quando eram parados pela polícia era a carteira de trabalho assinada. Era um passaporte!

E, neste exato momento, quando as pessoas vão para as ruas protestar ao projeto de Terceirização me bate ainda mais a preocupação do que será o amanhã para a aposentadoria das pessoas.

Costumo provocar nas conversas que o governo está aumentando a idade para aposentadoria por conta do estrato que está sendo feito por milhões de jovens que não trabalham. Os nem-nem. Nem estudam e nem trabalham.

O pior disso é que o próprio Ministério do Trabalho e, principalmente, o Ministério Público do Trabalho brasileiro paternizaliza essa idéia sem pensar nas consequências futuras. Vestem-se de um sonho bonitinho sem vivenciar a realidade do teto de eternit sem forro. Quando o MPTe enxergar que o jovem brasileiro tem que estudar, mas que ao mesmo tempo precisa levar sustento para casa através da conquista digna do seu ganho e, mais, conciliar a realidade da atividade trabalhadora e de real formação de mão de obra, alguma coisa será feita de bom neste País. Uma delas, será dar ocupação ao jovem, tirando-o da ociosidade que o tráfico e os roubos se incumbem de domina-las. Bem lembrando que junto a esses orgãos, passam os senhores deputados federais e senadores.  

Alberto Romeu Pereira é jornalista em Mato Grosso. E-mail romeu@plantaonews.com.br
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